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26-05-2018 | 04:30
Por Douglas Carraretto

Força coletiva e sangue frio: Paulistano muda cenário em relação à derrota no Jogo 2, vence Mogi de maneira emocionante e fica a um passo do título

Paulistano se recuperou na série através de um excelente jogo coletivo (João Pires/LNB)

Quem acompanhou o Paulistano/Corpore durante toda a temporada sabe que a atuação no Jogo 2 das Finais foi bastante abaixo do comum. É claro que houve muito mérito por parte do Mogi das Cruzes/Helbor, que soube minar as armas alvirrubras e vencer de maneira imponente fora de casa. No entanto, na tarde deste sábado (26/05), o CAP mudou a história.

Com excelente desempenho coletivo, a equipe do técnico Gustavo De Conti teve sua produção bastante dividida e venceu o Jogo 3 de maneira emocionante no Ginásio Wlamir Marques, por 88 a 84. Com isso, voltou a ter vantagem na série (2 a 1) e ficou a um passo do inédito título do NBB CAIXA.

O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), em parceria com a NBA, e conta com o patrocínio master da CAIXA, os patrocínios da SKY, INFRAERO, Avianca, Nike, LG, Penalty e Wewi e os apoios do Açúcar Guarani e do Ministério do Esporte.

Tudo dividido

Durante toda a temporada o Paulistano dividiu muito sua produção ofensiva. Tanto que, por exemplo, seus dois maiores cestinhas Deryk e Fuller têm médias de “apenas” 12,6 e 11,5 pontos, respectivamente. Na partida deste sábado não foi diferente, e dez dos 11 atletas colocados em ação por Gustavo De Conti pontuaram:

Guilherme Hubner (18 pontos), Yago (13), Elinho (11), Deryk (10), Jhonatan (8), Lucas Dias (8) e Nesbitt (8) construíram a pontuação alvirrubra na partida. Nas bolas de 3 pontos, o Paulistano voltou a ter excelente desempenho e converteu 15 tiros em 29 tentativas (51% de aproveitamento). Dos 11 jogadores colocados em quadra, sete acertaram pelo menos uma bola de 3.

“Nosso jogo não é coletivo só no discurso, é na prática. Você pode olhar os números, não tem como brigar com isso. Pontos e rebotes são muito divididos, as assistências são mais concentradas, mas os rebotes são realmente divididos. No Jogo 2 o Yago pegou cinco rebotes, o Elinho pegou seis rebotes. É uma coisa que a gente não fica batendo no peito para falar. Realmente acontece na prática”, analisou Gustavo De Conti.

Como disse o comandante do CAP, até mesmo os rebotes foram bem divididos na vitória deste sábado. Ao todo, o Paulistano pegou 40 sobras, que foram divididas entre Lucas Dias (9), Hubner (6), Jhonatan (6), Nesbitt (5), Yago (4), Elinho (2), Deryk (2), Eddy (2), Victão (2).

Apareceram e deram conta

Mais do que analisar somente os números, é importante ver alguns momentos e casos específicos. Como por exemplo, Lucas Dias. Um dos grandes nomes do Jogo 1, com 15 pontos, o ala/pivô do Paulistano fez apenas dois pontos no Jogo 2, mas mudou a história na partida deste sábado e foi importantíssimo, mesmo anotando “apenas” oito tentos.

A temporada inteira nosso jogo foi coletivo. Todos os jogadores que estão em quadra podem contribuir e essa energia é que faz bem para o time. O Victão entrou hoje, fez dois pontos, um cara que dá uma energia muito boa para o time. O Alex entrou e deu sua contribuição. Isso que é uma família e todos os times que vão jogar contra a gente devem ficar na dúvida de quem será o destaque”, contou Lucas Dias.


“Quero fazer tudo o que for possível para ajudar a equipe. O Gustavinho conversou comigo hoje antes do jogo, para que eu não entre só pensando em pontuar. No Jogo 2 foi assim e eu acabei perdendo a cabeça. Hoje entrei com outra cabeça e pude ajudar de outras formas. É essa energia que o time precisa. Hoje a postura foi diferente, todo mundo com sangue nos olhos e sem bola perdida”, concluiu o camisa 9.

Yago Mateus estava “apagado” na série e havia combinado apenas cinco pontos nos dois primeiros jogos. Já neste sábado, o baixinho do CAP mostrou agressividade desde o início, chamou a responsabilidade em diversos momentos e totalizou 13 pontos e quatro assistências, alguns deles em horas de pressão total por parte do Mogi.

“Mesmo eu não jogando tão bem nos outros jogos, sempre me passaram muito confiança, e acho que minha personalidade de ter muita confiança facilita muito. Eu estou pronto, estou preparado e se o Gustavo (De Conti) me colocar em quadra eu vou dar o meu melhor em quadra. Às vezes não acontece, às vezes acontece e é bom quando posso ajudar a equipe como hoje”, disse Yago.

Sangue frio

O Paulistano entrou no último quarto vencendo por 12 pontos (67 a 55) e chegou a ter 15 tentos de frente (73 a 58) ainda no início da parcial. Tudo parecia caminhar para uma tranquila e segura vitória alvirrubra, mas não foi o que aconteceu.

Com incrível reação do Mogi, a diferença despencou de 15 para quatro pontos em pouco mais de quatro minutos depois. A partir daí, o time do técnico Gustavo De Conti precisou mostrar sangue frio para segurar a pressão dos mogianos, que chegaram a cortar a margem para três pontos nos minutos finais.

Com quatro lances livres certeiros de Nesbitt, dois de Yago e dois de Lucas Dias, este nos segundos finais, o Paulistano ainda contou com bola de 3 pontos decisiva de Deryk Ramos para consolidar sua vantagem e evitar a virada da equipe visitante. Com isso, saiu de quadra com o decisivo triunfo que os deixou a uma vitória do tão sonhado título.


“Podemos analisar o último quarto por dois ângulos. Me incomodaram as bolas que perdemos na saída de bola, mas tivemos muito sangue frio no final. Não é fácil segurar uma pressão dessas dentro de casa, em que você às vezes fica até mais pressionado, mas conseguimos segurar. Prefiro valorizar isso. Convertemos lances livres com Nesbitt e Lucas, Yago soube bater para dentro e achar o Deryk fora, fomos bem no fim. Agora prefiro valorizar esse lado positivo, mas durante a semana com certeza vamos tocar nos erros que cometemos”, disse o técnico Gustavo De Conti.

Nada de festa

Mesmo a uma vitória do inédito troféu, o Paulistano não encara a vantagem com clima de oba-oba. Muito pelo contrário. O técnico Gustavo De Conti preferiu colocar os pés no chão e apontar os erros a serem corrigidos, principalmente na defesa. A equipe sofreu 84 pontos e um aproveitamento de 35,% nas bolas de 3 pontos e 54% nos arremessos de 2 pontos por parte do Mogi, o que para o comandante é um número muito alto.

“Apesar dos nossos acertos, o ponto fraco sem dúvidas foi a defesa. Não foi boa, o Mogi ainda teve um aproveitamento alto, deixamos bolas fáceis deles, sem tirar o mérito deles (Mogi), que já fazem várias cestas difíceis, é só ver da onde o Shamell e o Tyrone arremessam. Precisamos melhorar nossa defesa se quisermos ganhar o próximo jogo”, apontou De Conti.

Com o “match-point” nas mãos, o Paulistano terá sua primeira chance de conquistar o título do NBB CAIXA no próximo sábado (02/06), no Ginásio Hugo Ramos, em Mogi das Cruzes (SP), às 14 horas, com transmissão ao vivo dos canais Band e SporTV.

Gustavo De Conti frisou: não há nada decidido nas Finais do NBB CAIXA (João Pires/LNB)

Como gosta de frisar em diversas oportunidades, principalmente em playoffs, Gustavo De Conti fez um paralelo com o futebol e reforçou que essa vantagem de 2 a 1 não significa.

“Não tem dimensão essa vantagem. Se fosse futebol, você vence o primeiro jogo e coloca três goleiros em cima da linha e fica na retranca. Isso não existe para nós. Temos que sair e buscar alguma coisa. Vai começar 0 a 0 o jogo. Se começasse quatro pontos de diferença como acabou hoje, maravilha. Mas não é isso que acontece, começará 0 a 0”, finalizou o técnico do Paulistano.