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Torcida olímpica: família Togni

26-07-2012 | 11:49
Por Liga Nacional de Basquete

Raul preferiu abdicar da Seleção Brasileira em 1992 para acompanhar o nascimento de Raulzinho. Agora, se emociona ao ver o filho pronto para disputar as Olimpíadas

O ano era 1992. Raul Togni Filho, hoje técnico do Minas, era na época o armador do Corinthians/RS e iria integrar o elenco da Seleção Brasileira masculina que começaria a treinar para as Olimpíadas de Barcelona. Mas ele não fez parte deste time, e por um motivo muito nobre: seu filho estava para nascer. Raul decidiu ficar no Brasil para acompanhar esse momento ao lado de sua esposa. Abriu mão de uma oportunidade única pela criança de seu sangue que nasceu e recebeu o nome de Raul Togni Neto, no dia 19 de maio de 1992.

Vinte anos depois. O menino ganhou o apelido de Raulzinho, seguiu os passos do pai, chegou à seleção. E agora vai disputar as Olimpíadas de Londres. Como se estivesse escrito no destino que a chance recusada, plenamente justificável, por Raul seria destinada à nova geração da família. “Para mim, é uma recompensa divina”, disse o treinador do Minas e pai do armador da Seleção Brasileira.

Duas gerações do basquete brasileiro. Raulzinho representará a família Togni e o pai Raul nas Olimpíadas de Londres (Divulgação)

As emoções de pai e profissional de basquete se confundem para Raul. O amor de pai fala mais alto. Um pai já ficaria orgulhoso de ver um filho esportista chegando ao auge de sua carreira, as Olimpíadas. Ainda mais para um pai que já foi atleta e preferiu nem disputar uma vaga para Barcelona-1992 para dar carinho e afeto para o filho recém-nascido, que – coincidência divina, destino ou não – agora tem a chance de representar a família nesse sonho olímpico.

“Como pai, é uma alegria imensa vê-lo jogar nas Olimpíadas. É uma recompensa valiosa por todo o sacrifício que fizemos. Eu tive chance de treinar com o grupo que disputou os Jogos Olímpicos de Barcelona, mas eu abri mão dessa oportunidade para ficar junto com a minha esposa e acompanhar o nascimento dele. É um orgulho para mim, 20 anos depois, vê-lo onde eu queria chegar. É uma alegria inenarrável, não tenho palavras para descrever, como no momento em que ele entrou em quadra para enfrentar os EUA”, declarou o orgulhoso Raul.

O lado treinador de Raul Togni prefere ser menos emotivo e participativo. Não quer dar muitos palpites, acreditando no trabalho desempenhado pelo argentino Rubén Magnano na Seleção Brasileira. Nem quer colocar muita pressão no filho Raulzinho. “Eu faço poucos comentários sobre o trabalho dele e do Magnano. Às vezes, quando surge o assunto e pedem a minha opinião, procuro reforçar o que imagino que o Magnano está fazendo”, falou.

A distância e a concentração do Brasil para as Olimpíadas não permitem que Raul e Raulzinho se comuniquem muito durante esse momento. Segundo o técnico do Minas, a maior parte dos contatos é feito via Facebook. A presença em Londres também está descartada, até porque os treinos do Minas para a próxima temporada estão para começar. “Mas eu e minha família ficaremos grudados na TV”, garantiu.

A torcida será tão grande quanto é a confiança. O atual time do Brasil dá muitas esperanças para Raul, que vê no trabalho de Magnano a chave para um possível sucesso brasileiro nas quadras inglesas. E quem fala é o técnico, não o pai.

Raul disse que as emoções de pai e técnico se confundem ao ver Raulzinho na seleção (Divulgação)

“Pode ser que eu seja imparcial porque meu filho está lá, mas para mim não será surpresa se esse time disputar uma medalha e ganhá-la. Estou vendo um time muito maduro, forte, unido, que está extremamente focado no que quer. Não vai ser surpresa pelo trabalho que está sendo feito desde o início pelo Magnano”, comentou.

E para uma possível final, quem sabe contra os Estados Unidos, Raul se propõe a quase tudo. “Eu sei que ele está doido para enfrentar novamente os EUA. E nós estamos fazendo todos os tipos de mandinga para que isso aconteça na final (risos).”

E não custa nada sonhar com uma medalha. Que seria o maior prêmio da vida do pai que se vê 20 anos depois no filho amado.