HOJE
Caminho Reconstruído
Por Marcius Azevedo
Um ano após romper o tendão de Aquiles, Zu Jr. relembra trajetória até voltar à seleção. "Uma coisa que eu passei a valorizar mais é que não sabemos o que vai acontecer daqui um minuto."
Um ano depois de ver sua carreira parar em um estalo seco, Zu Jr. volta a defender o Brasil carregando no corpo a cicatriz da lesão e, na alma, a marca de tudo que precisou reconstruir. No mesmo 24 de novembro que o levou ao chão, em Belém, no Pará, após romper o tendão de Aquiles do pé esquerdo no último quarto do jogo contra o Panamá, o ala renasce para enfrentar o Chile pelas Eliminatórias da Copa do Mundo FIBA Catar 2027, não apenas como o jogador que era, mas como alguém que atravessou meses de dor, silêncio, dúvidas e reinvenção. Entre peso emocional e força renovada, o jogador do Sesi Franca celebra a retomada em sua história na seleção brasileira.
“É uma coincidência, mas aquilo que é o destino é para ser. Com muita determinação durante esse período, sem perder o foco, meus pais me ajudando muito, isso é fruto do meu trabalho até agora, das pessoas que me ajudaram. Estar voltando é muito bom, é uma energia diferente. Estou com mais vontade de fazer o que na outra vez eu não consegui fazer por causa da lesão. Tem tudo para dar certo”, afirmou Zu Jr., em entrevista exclusiva ao site da Liga Nacional de Basquete.

Zu Jr. está de volta à seleção brasileira após um ano da lesão no tendão de Aquiles. Foto: Felipe Deslandes
Durante os sete meses em que ficou fora das quadras, Zu Jr. encarou uma dura rotina. Do impacto inicial ao primeiro passo sem muletas, cada avanço era pequeno demais para quem vivia da explosão física e grande demais para quem lutava para não perder a identidade como atleta. Entre sessões de fisioterapia intermináveis, limitações que testavam sua paciência e noites em que a incerteza parecia mais pesada que qualquer treino, o ala descobriu novas camadas de disciplina, maturidade e autoconhecimento.
“Uma coisa que eu passei a valorizar mais é que não sabemos o que vai acontecer daqui um minuto, um dia, cinco anos. Tanto que na seleção, no jogo, eu estava muito bem e aí, do nada, eu fui fazer um movimento, acabei rompendo o tendão de Aquiles. Não sabia que isso iria acontecer, me deixou fora das quadras por sete meses, passei por momentos difíceis. Estou valorizando muito mais isso, me entregar ao máximo em tudo o que vou fazer, dar tudo aquilo na hora para não deixar para depois, porque eu não sei como vai ser o depois”, afirmou.
Zu Jr. confessa que o momento mais duro veio logo após a cirurgia realizada em 26 de novembro pelo médico e diretor de saúde e performance da Confederação Brasileira de Basketball, Carlos Vicente Andreoli. Foi ali, longe da rotina que sempre o definiu, que ele sentiu a solidão e o peso real da lesão. O horizonte só começou a ganhar alguma cor quando pôde voltar a circular pelas quadras, acompanhar os treinos e estar perto dos companheiros de Sesi Franca. Ver a bola quicando, ouvir o som dos arremessos e sentir novamente o ambiente competitivo foi, segundo ele, o primeiro sinal de que havia um caminho de volta e de que valeria a pena enfrentá-lo.
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“Eu tive muitos momentos difíceis, com certeza. O momento mais difícil foi nos primeiros meses, em que, no primeiro mês, praticamente eu não podia colocar o pé no chão, não podia ficar com ele muito no chão, que começava a inchar, começava a doer, mas a minha mãe, meus pais, minha irmã, minha família em si, meus amigos me ajudaram muito nesse momento, não deixaram eu ficar sozinho, não deixaram a minha cabeça vazia, e depois que eu consegui andar, consegui ir nos treinos, foi melhorando. Conviver com os meus companheiros de equipe me ajudou muito. Tentei tirar sempre coisas boas, mesmo da pior situação”, revelou.
“Mudou a minha mentalidade de jogador. Eu passei muito tempo fora e, no momento em que eu estava ali do lado da quadra, assistindo aos jogos, aos treinos, eu tentei olhar sempre pelo lado bom e aprender o máximo daquilo. Consegui aprender muita coisa que, se eu estivesse jogando, não iria ouvir uma conversa do Lucas Dias com o David Jackson, por exemplo. Fora da quadra eu consegui perceber tudo isso”, completou.
O reencontro com a quadra aconteceu no dia 27 de junho, quando Zu Jr. defendeu o Sesi Franca na LDB. Sentindo-se completamente recuperado, finalmente capaz de confiar no próprio corpo, o ala não apenas voltou: ele desabrochou. Desde então, tem construído no NBB CAIXA 2025/26 a melhor temporada de sua carreira, exibindo intensidade, consistência e maturidade que só quem encarou a travessia de um ano tão desafiador consegue transformar em performance. Cada jogo tem sido, para ele, mais que estatística. É a confirmação de que sua reconstrução valeu a espera.
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“Essa temporada eu estou com algumas responsabilidades a mais do que na última. O meu papel na equipe é dar intensidade na defesa, uma energia que eu posso trazer para a equipe, ajudar os meus companheiros de qualquer forma. Esse é o meu papel na equipe, e eu pretendo fazer isso da melhor forma”, afirmou Zu Jr., que registra médias de 13 pontos e 3,1 rebotes para 12 de eficiência. “Um dos aspectos que eu percebi minha evolução foi na percepção de jogo, na leitura de jogo. O momento certo para fazer uma infiltração, para puxar um contra-ataque, para segurar a bola e fazer uma jogada específica, o momento certo para fazer uma falta. Eu comecei a ter esses pensamentos mais rapidamente durante o jogo.”
A certeza de que estava de volta ao seu melhor nível ganhou força nos Jogos Mundiais Universitários, realizados em Reno-Ruhr, na Alemanha, onde Zu Jr. reviveu o orgulho de defender o Brasil. Ali, ele encontrou não só ritmo e confiança, mas também a energia que sempre o moveu. A campanha culminou no título histórico sobre os Estados Unidos, conquistado de virada, em um daqueles jogos que moldam carreiras e criam memórias eternas.
“A principal virada de chave que eu tive após a minha lesão, após todos esses desafios, foi quando eu voltei da Alemanha. Aquele campeonato universitário foi surpreendente. Lá eu consegui mudar a chavinha. Depois que conquistamos o título, quero muito mais, quero treinar muito mais. Depois daquele campeonato, eu estou almejando coisas maiores, estou trabalhando o dobro para conseguir realizar essas coisas. Essa foi a minha virada de chave para estar mudando e querendo mais.”
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Zu Jr. sabe que, apesar de tudo o que já viveu, sua trajetória ainda está no início. “Com apenas 22 anos, tenho um currículo muito bom, mas ainda não está nem na metade do que pretendo para minha vida”, avisou. Focado em metas de curto e longo prazo, ele projeta um futuro de evolução constante, buscando ampliar seu entendimento do jogo e explorar novos cenários, como atuar na Europa ou nos Estados Unidos. Mas, antes de qualquer plano, o presente é claro e marcante: defender o Brasil nas Eliminatórias e honrar o caminho que o trouxe de volta ao alto nível.
“Estou muito feliz de ter essa oportunidade mais uma vez na seleção. Espero aprender ao máximo. Estamos com um time jovem, mas também estamos com atletas renomados, atletas com bastante experiência, e eles vão ser a linha de frente do nosso time. Eles que vão comandar, que vão coordenar, alinhar tudo, dando dicas para nós, e temos que aprender muito com eles, criar mais malícias com campeonatos internacionais, com seleções de outros países, tirar muito o aprendizado dos treinadores também. Espero viver tudo isso na seleção, pegar o máximo de conhecimento e conseguir trazer para o meu jogo”, finalizou.
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