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Seleção Brasileira

Uma conquista histórica

24-05-2013 | 11:57
Por Liga Nacional de Basquete

Ícones da geração bicampeã mundial, Amaury e Wlamir falam sobre trajetória do título brasileiro em solo carioca em 1963

 

Wlamir (à esq.) e Amaury (à dir.) foram os grandes destaques do bicampeonato mundial pela Seleção Brasileira (Divulgação)

Amaury Pasos e Wlamir Marques. Estes foram os principais nomes da história conquista da Seleção Brasileira em 1963. Com atuações acima da média, a dupla conduziu o selecionado verde-amarelo ao bicampeonato mundial, em solo carioca, no Ginásio do Marcanãzinho.

No dia 25 de maio daquele ano, o selecionado verde-amarelo, que vinha de cinco vitórias em seus cinco primeiros jogos na competição, venceu os Estados Unidos, manteve sua invencibilidade no campeonato e chegou ao posto de campeão do mundo pela segunda vez consecutiva.

“Foi inesquecível. Conquistamos um marco diferenciado não só na história do basquete, como na história de todo o esporte brasileiro. O Brasil é bicampeão mundial em apenas duas modalidades, que são o basquete e o futebol. Então, acho que dificilmente essa conquista vai se repetir no basquete, já que ocorreu uma defasagem em relação àquela época, em que o Brasil pertencia à elite do basquete, junto com Estados Unidos, Iugoslávia e União Soviética. Conquistamos esse bicampeonato com muito orgulho e satisfação”, comemorou Amaury, que terminou a competição como quinto maior cestinha, com média de 17,7 pontos por jogo.

A caminhada brasileira não foi fácil e o time canarinho teve que superar adversários poderosos, como Estados Unidos, e as extintas Iugoslávia e União Soviética. Porém, o time que vinha de conquista quatro anos antes no Chile não se assustou e mostrou que era a principal força do esporte da bola laranja na época.

Capitão brasileiro, Wlamir (à dir.) ergue o troféu de campeão mundial

“Naquela época, o basquete brasileiro era muito bem conceituado. Havia uma certa dificuldade para a veiculação de notícias naquela época, mas mesmo assim a repercussão do nosso título foi ótima, com muito empenho da imprensa escrita e de rádio. Foi uma época de ouro não apenas do basquete, mas de todo o esporte no Brasil. Muitos garotos passaram a praticar basquete após a nossa conquista e isso nos enche de orgulho até hoje”, explicou Wlamir, quarto maior pontuador do Mundial de 1963, com 108 pontos (média de 18 tentos por duelo).

Além da dificuldade de enfrentar seleções de alto nível, a Seleçao também teve que apagar de sua memória um fato ocorrido dois meses antes do Mundial: o vice-campeonato nos Jogos Pan-Americanos de São Paulo. Também atuando em solo brasileiro, a equipe do técnico Kanela foi derrotada pelos Estados Unidos na decisão da competição continental e frustrou o público paulista, que dava como certa a conquista verde-amarela.

“A derrota no Pan foi um acidente de percurso. Naquele dia o Estados Unidos jogou muito bem e venceu com mérito, apesar de que o time que eles levaram para o Pan era inferior tecnicamente ao que foi ao Mundial. No Rio de Janeiro entramos como um dos favoritos, ao lado de Estados Unidos, Iugoslávia e União Soviética. Não ganhamos como azarão ou somente pelo fato de jogarmos em casa. O basquete brasileiro era muito bem conceituado em todo o mundo. Além disso, a torcida lotou o Maracanãzinho em todos os jogos e isso foi um combustível a mais para nós”, disse Wlamir.

Mesmo 50 anos após o título, o sentimento de alegria e satisfação continua vivo na memória da dupla Amaury e Wlamir e os ex-jogadores ainda falam da conquista com muito orgulho.

“O título foi nosso único pagamento, já que na época o esporte era completamente amador. Mas, mesmo assim, me sinto muito honrado de ter feito parte de um momento histórico do basquete brasileiro e também de ter jogado ao lado dos jogadores mais talentosos que eu pude jogar. Com muita união e com um apoio incrível da torcida carioca, que funcionou com uma espécie de sexto jogador, conseguimos esse título”, afirmou Amaury.

“Não fomos para o Rio de Janeiro pensando em nada e a única coisa que tínhamos em mente era ganhar. Ganhamos de mais de 20 pontos de diferença na Iugoslávia, vencemos a União Soviética, que sempre foi um adversário muito duro para nós, e fechamos nossa campanha com um triunfo sobre os Estados Unidos, no que na minha visão foi o jogo mais importante de nossa campanha. Nós nunca tememos que perderíamos aquele Mundial. Nós éramos favoritos e justificamos isso em quadra”, concordou Wlamir.