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Unidos pelo basquete

22-01-2013 | 04:24
Por Liga Nacional de Basquete

Com relação próxima, Alberto Bial e Espiga trabalham juntos no Basquete Cearense e completam 17 anos de amizade de “pai e filho”

Além de trabalharem juntos, Bial e Espiga possuem uma amizade verdadeira fora das quadras (João Pires/LNB)

Todo grande técnico tem seu fiel escudeiro. É com esta frase que se pode definir a relação entre Alberto Bial, treinador do SKY/Basquete Cearense, e Espiga, seu auxiliar. Porém, se engana quem pensa que a dupla se conhece a pouco tempo. São 13 anos de amizade e de muito trabalho juntos.

Bial e Espiga se conheceram em 1996. Na época, o assistente técnico era um jovem jogador em início de carreira. A parceria começou de maneira inusitada, já que o então armador não fazia parte dos planos iniciais do técnico na convocação para a Seleção Brasileira Universitária daquele ano.

“Fui técnico de uma Seleção Brasileira Universitária e não convoquei ele (Espiga) na primeira lista. Deixei claro que havia optado por um atleta que já havia jogado o Mundial anterior. Porém, este jogador, dois dias depois, pediu dispensa e eu vibrei pois era a chance do Espiga. Acabei o convocando e ele se tornou decisivo para aquela equipe. Conquistamos a medalha de bronze, minha maior conquista no basquete, e na disputa do terceiro lugar ele foi fundamental. Naquele jogo, o Espiga, com muita cara de pau e uma personalidade incrível, meteu as últimas três bolas do jogo, que definiram nossa vitória contra a Itália, que estava jogando em casa, disse Bial.

A partir do momento de glória, a dupla passou por muita coisa antes de chegar à Fortaleza. Bial treinou o armador no Fluminense e em Joinville, e a relação entre os dois foi aumentando cada vez mais. Agora, trabalhando lado a lado, o que era uma amizade acabou se tornando praticamente coisa de “pai e filho”.

“Nossa relação é intensa e foi construída ao longo de muitos trabalhos juntos. Ele como jogador ou como assistente e eu como treinador. De tanto que nossa relação foi aumentando, nos tornamos muito amigos foras das quadras também. Além disso, ele sempre demonstrou uma lealdade incrível e um carinho muito grande. Ele é dono de um caráter especial. Às vezes aumento essa nossa relação e sinto como se fossemos pai e filho. Somos amigos desde 96 e hoje os filhos dele até me chamam de Avô (risos)”, explicou Bial, que é 20 anos mais velho do que Espiga (61 e 41 anos, respectivamente).

Bial foi treinador de Espiga e agora tem o ex-jogador em sua comissão técnica (Ivan Padovanni/Divulgação)

Depois de trabalharem cinco anos juntos em Joinville, o armador resolveu se aposentar em 2010. Foi então, que o treinador enxergou que Espiga poderia se tornar um ótimo treinador e resolveu o convidar para ser seu assistente na equipe catarinense. A resposta foi positiva e agora, depois de um breve trabalho no esquadrão do Sul do país, o ex-jogador tem fundamental importância na comissão técnica de Bial no Basquete Cearense.

“A vida foi mostrando que ele (Espiga) é uma pessoa super capacitada para o basquete. Eu quero que toda minha pequena história que construí nestes anos no basquete fique para o Espiga. Tenho certeza de que ele vai ser um dos maiores treinadores do país. Ele tem o perfil para isso e é um cara que estuda muito. Aqui em Fortaleza, ele avançou em muitas áreas. Nos ajudou na contratação de norte-americanos, além de tomar conta da parte burocrática, que são coisas que ele ainda não tinha vivido. Ele está se virando em coisas que nunca fez e isso mostra que ele vai ser um grande técnico. Ele é um cara que não tem medo e de muitas virtudes. Se eu for ficar falando todas as qualidades dele, vamos ter que fazer uma lista bem extensa (risos).” elogiou Bial.

“Acho que ele sempre viu esse potencial em mim. Era armador, comunicativo, líder em muitos momentos. Ele viu isso em mim. Quando parei de jogar, decidi dar sequência nessa carreira de treinador e ele me deu todo apoio, me incentivou. Como atleta de basquete, eu não pulava, era “bundudo”, cabeçudo, não era rápido, mas era muito competitivo, perfeccionista, tentava ter atitudes corretas dentro do grupo. E ele sempre valorizou isso. Algumas pessoas questionavam isso. Mas ele sempre confiou em mim. E sou muito grato por isso”, explicou Espiga.

Apesar de terem passado por muitos momentos alegres durante estes 17 anos de amizade, Bial e Espiga tiveram que superar algumas adversidades durante este período. Quando o ex-jogador se transferiu para Joinville, para atuar sob o comando do experiente treinador, um fato triste mudou o rumo de sua vida: a perda de seu pai.

“Quando eu o contratei em Joinville, ele tinha acabado de perder o pai. Foi uma fase muito difícil para ele, e estreitamos muito nossos laços nessa época. Ele estava de mudança de Belo Horizonte para Joinville e acabamos ficando mais próximos”, disse Alberto.

Grato por todo carinho e por todo o aprendizado, Espiga é só elogios para o treinador do time de Fortaleza.“Eu acompanhei toda a evolução do Bial. Ele consegue tirar o máximo de todos os jogadores, desde o cestinha até o garoto que quase não entra nos jogos. Ele faz com que todos se sintam parte do grupo, deixa todo mundo motivado e relaxado. Eu sou muito grato ao Bial. Não é fácil você ter oportunidades e quando você acaba a carreira tem alguém que acredita em você, que te dá a primeira oportunidade, é fantástico”, concluiu Espiga.