HOJE
Thanks, Day!
Por Liga Nacional de Basquete
Três Finais de NBB CAIXA, jogo diferenciado e caráter admirável: Robert Day se despede do basquete brasileiro com legado valioso dentro e fora das quatro linhas
O basquete brasileiro ficará sem um de seus maiores ícones dos últimos anos. Depois de seis belas temporadas no Brasil, o norte-americano Robert Day decidiu se aposentar das quadras e retornar aos Estados Unidos para seguir sua vida com a família. Por isso, o NBB CAIXA só tem a agradecer não só pelos serviços prestados, bolas de 3 e lances mágicos, mas também pelo legado que deixou com seu caráter.
É comum ouvir de muitos que conviveram com Robert frases como “o Day é o cara mais gente boa e mais profissional que eu já vi”. Diretores, jogadores e torcedores. Todos admiravam Day. E não é para poucos. Dono de um jeito simples, humilde, e um caráter raro de se ver, o ex-jogador criou raiz por onde passou e se tornou praticamente um brasileiro. Desde 2010 no Brasil, Day aprendeu o português e se adaptou ao país como poucos gringos.
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Em seis anos no basquete brasileiro, Day desfilou um estilo de jogo refinado e muito diferente do normal. Com uma mecânica de arremesso praticamente perfeita, o gringo se mostrou uma máquina de bolas de 3 pontos e durante muito tempo foi uma arma mortal nas equipes em que atuou – não à toa chegou à três Finais de NBB CAIXA.
Robert defendeu o Unitri/Uberlândia nas quatro primeiras temporadas e conquistou o vice-campeonato do NBB CAIXA 12/13, ano em que ganhou o prêmio de Melhor Ala da competição. Depois, rumou para o Gocil/Bauru Basket, onde foi campeão da Liga Sul-Americana 2014, da Liga das Américas 2015, duas vezes vice-campeão do NBB CAIXA e vice-campeão do Mundial de Clubes.
O início
Novidade do NBB CAIXA para 2010/2011, o Unitri/Uberlândia entrou na elite do basquete com um elenco poderoso, com nomes como Valtinho, Cipolini e Robby Collum. No entanto, o nome de maior destaque atendia pelo nome de Robert Day.
Vindo do basquete mexicano, o norte-americano de Oregon apresentou ao Brasil um estilo diferente de jogar, com um jogo refinado e uma mecânica de arremesso jamais vista por aqui. No auge de seus 28 anos, Day comandou o time mineiro ao sexto lugar na fase de classificação com média de 17,7 pontos por jogo.
Nos playoffs, os mineiros foram até as quartas de final e só foram eliminados pelo campeão UniCEUB/Cartão BRB/Brasília, por 3 a 2. No total dos jogos do mata-mata, Robert teve média de 22,75 pontos por partida.
Os 50 pontos
Além de suas grandes atuações nas partidas do NBB CAIXA, Robert Day chamou a atenção de fato no Jogo das Estrelas 2011. Em Franca (SP), o norte-americano estreante nas quadras brasileiras estava impossível. Com incríveis 12 bolas de 3 pontos, Day impressionou a todos ao deixar a quadra do Ginásio Pedrocão com 50 pontos.
Sob o comando do camisa 31, o NBB Mundo levou a melhor sobre o NBB Brasil no primeiro Jogo das Estrelas neste formato, pelo placar de 115 a 99. Com a atuação, Day faturou o merecido prêmio de MVP da partida e ainda cravou os recordes de pontos e de tiros de 3 pontos na história do evento, marcas que até hoje não foram superadas.
Em alta
Robert Day seguiu voando no NBB CAIXA. Em sua segunda temporada por aqui, o jogador terminou a fase de classificação da edição 2011/2012 com média de 16,5 pontos por partida e ajudou o Uberlândia a ficar com a quinta colocação.
Já nos playoffs, o time do Triângulo Mineiro perdeu o primeiro jogo das oitavas para o Tijuca, em dia pouco inspirado de Day (8 pontos). Mas nos três jogos seguintes, só deu ele. Com 26 pontos em dois duelos e 17 no confronto final, Robert liderou o Uberlândia à virada na série (3 a 1) e levou sua equipe às quartas novamente.
O adversário foi ninguém menos que o Flamengo, e a série foi de arrepiar. Logo no primeiro jogo, Day anotou 30 pontos e deu seu cartão de visitas no confronto. Depois, a equipe uberlandense não segurou o Fla e foi eliminada novamente nas quartas por 3 a 2.
Final, recorde e Melhor Ala
A temporada 2012/2013 foi marcante para Robert Day. No auge de suas atuações, Day fez de tudo no NBB CAIXA e liderou o Uberlândia à sua primeira Final. Ao ficar com a quarta colocação na fase de classificação, o esquadrão do técnico Hélio Rubens foi direto às quartas de final pela primeira vez, e Day contribuiu com nada menos que 18,8 pontos por jogo de média.
Diante do então campeão das Américas, EC Pinheiros, o Uberlândia sofreu e participou de uma série memorável, na qual os visitantes venceram os quatro primeiros jogos. No Jogo 2, vencido pelos pinheirenses, Robert Day estava iluminado e registrou nada menos que 39 pontos, seu recorde pessoal. No entanto, não evitou a derrota por 103 a 97 no Sabiazinho. Mas, posteriormente, os mineiros viraram a série no Jogo 5 e avançaram à semi pela primeira vez.
Garantida entre os quatro primeiros, a equipe do Triângulo Mineiro “varreu” o Bauru na semifinal, por 3 a 0, e avançou à Final do NBB CAIXA 2012/2013, algo inédito para o time. Na HSBC Arena lotada por mais de 15.000 rubro-negros, o Flamengo dominou o Uberlândia, venceu por 77 a 70 e foi o campeão daquele ano.
Ao final da decisão, o vice-campeão Robert Day recebeu o troféu de Melhor Ala do NBB CAIXA 2012/2013, junto de Marquinhos, do Flamengo. No total da quinta edição, o norte-americano terminou com médias de 17,9 pontos (4º do campeonato) e 3,1 bolas de 3 pontos (3º do campeonato) por partida.
Em Bauru, os títulos
Depois de quatro temporadas, Robert Day deixou o Triângulo Mineiro e partiu para Bauru, onde teve grande parte de suas conquistas no basquete brasileiro. Logo em sua primeira temporada, faturou nada menos que o Campeonato Paulista e a Liga Sul-Americana, ambos em 2014, e a Liga das Américas em 2015. Mais tarde, chegou a mais uma Final de NBB CAIXA e tornou a ficar com o vice-campeonato. Além disso, disputou, contra o Real Madrid (ESP), o título do Mundial de Clubes da FIBA, no qual ficou também com o honroso vice.
No ano seguinte, o norte-americano e a equipe bauruense tiveram mais um ano marcante. Na defesa do título da Liga das Américas, sofreu com desfalques e ficou com o vice-campeonato ao perder para o Guaros de Lara (VEN) na decisão. Já no NBB CAIXA, foi novamente à Finalíssima e, a exemplo das duas outras, ficou com o vice-campeonato, com direito a 24 pontos no Jogo 4. Portanto, o saldo de Robert Day no Bauru é:
2014/2015 –
Campeão Paulista
Campeão da Liga Sul-Americana
Campeão da Liga das Américas
Vice-campeão do NBB CAIXA
Vice-campeão da Copa Intercontinental
2015/2016 –
Vice-campeão da Liga das Américas
Vice-campeão do NBB CAIXA
Na NBA, um sonho realizado
Natural de Portland e formado na Western Oregon (EUA), Robert Day bem que tentou a sorte na NBA e chegou a treinar no Portland Trailblazers em 2005, no entanto, não obteve sucesso e partiu para a carreira internacional. Mas mesmo com este cenário, teve, com a camisa do Bauru, a oportunidade de brilhar nas quadras da maior liga esportiva do mundo e realizar seu sonho de infância.
Na turnê bauruense pela pré-temporada da liga norte-americana, o camisa 31 mostrou personalidade e foi o cestinha da equipe brasileira nos amistosos contra New York Knicks e Washington Wizards. No místico Madison Square Garden, foi o maior anotador da partida, com 19 pontos. Já na capital norte-americana, fez 17 pontos e encerrou a viagem à sua terra natal como cestinha do Dragão na NBA.
Antes dos duelos preparatórios contra Knicks e Wizards, Day ganhou espaço no renomado jornal The New York Times, um dos maiores tabloides do mundo, com uma extensa matéria sobre sua carreira no basquete. O resultado não poderia ter sido melhor: grande desempenho nas quadras da NBA e turnê finalizada com sucesso.
Um dos maiores da história
Ao final da temporada 2015/2016, Robert não teve seu contrato renovado com o Gocil/Bauru Basket e optou com encerrar sua gloriosa carreira no basquete. Desta forma, o jogador deixa o esporte da bola laranja com dever cumprido.
No NBB CAIXA foram 219 jogos, três Finais, três vice-campeonatos, cinco Jogos das Estrelas, 3423 pontos (15,6 por jogo) – 12º da história, 631 bolas de 3 (2,9 por jogo) – 3º da história e 44,1% de aproveitamento. Além disso, 972 rebotes (4,4 por jogo), 490 assistências (2,2 por jogo), 261 roubos de bola (1,2 por jogo) e 16,2 de eficiência de média.
Mas mais do que isso, sua missão foi além da esperada de um jogador de ponta. Mais do que pontos, bolas de 3 e lances bonitos, Day conquistou um troféu que poucos atletas têm: o respeito de todos.
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Sem dúvida alguma, o basquete brasileiro e o NBB CAIXA jamais esquecerão de Robert Day. De seu carisma, simpatia, alegria, profissionalismo e caráter. Sem dúvida alguma, o camisa 31 agora faz parte de um hall que poucos estão: o dos ídolos. Por onde passou, conquistou a todos e certamente não será esquecido. Brasileiro ou norte-americano, Day marcou época em solo brasileiro.
Portanto, a Liga Nacional de Basquete (LNB) agradece, em nome de todos, ao legado deixado por Robert Day e o deseja toda a sorte do mundo em sua nova caminhada. Muito obrigado, Robert Andrew Day. Ou então, thank you very much, Day.