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As armasdo CAP

18-05-2018 | 11:26
Por Douglas Carraretto

Defesa, transição e rotação de elenco: conheça as armas do Paulistano para sua segunda final de NBB CAIXA seguida

Paulistano tem armas de calibre alto para sua segunda decisão de NBB CAIXA consecutiva (João Neto/LNB)

A incrível temporada do Paulistano/Corpore foi premiada com a possibilidade real de mais um título. Campeão do Paulista 2017, o time do técnico Gustavo De Conti foi vice-líder da fase de classificação do NBB CAIXA e chegou, com todos os méritos, à sua segunda decisão consecutiva da competição.

Analisamos e reunimos algumas das principais armas do Paulistano para as Finais contra o Mogi das Cruzes/Helbor, que terão início neste sábado (19/05), às 14 horas (de Brasília), com transmissão ao vivo dos canais Band e SporTV.

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O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), em parceria com a NBA, e conta com o patrocínio master da CAIXA, os patrocínios da SKY, INFRAERO, Avianca, Nike, Penalty e Wewi e os apoios do Açúcar Guarani e do Ministério do Esporte.

Defesa, defesa, defesa

Já dissemos inúmeras vezes que o Paulistano inovou e encantou na atual temporada com um estilo de jogo único, baseado em muita velocidade na transição, contra-ataques e altíssimo volume nas bolas de 3 pontos. No entanto, é sempre bom frisar que nada disso seria possível sem sua defesa.

É bem verdade que as estatísticas não explicam com precisão o que é essa marcação do time do técnico Gustavo De Conti, mas quem assiste aos jogos sabe que o time trabalha com uma incrível agressividade e muita aplicação nas dobras e ajudas – cada jogo com uma estratégia, é claro.

“Acredito que nossa melhora defensiva se deu principalmente do segundo turno em diante. No primeiro turno estávamos com bem rendimento nos jogos, mas estávamos mais configurados naquela coisa de correr e ter volume nos chutes. A partir do segundo turno focamos mais na defesa e com isso conseguimos uma evolução ainda maior”, disse o técnico Gustavo De Conti.

A forte defesa alvirrubra dificulta as bolas fáceis dos adversários, provoca os erros de finalização e dá ao CAP a bola na mão para correr e jogar em transição, o que acabou virando um pesadelo para os rivais.

Prova disso é que a equipe força seus oponentes ao menor aproveitamento nos arremessos de quadra do NBB CAIXA 2017/2018, com 39,8%. Somando bolas de 2 e 3 pontos, foram 2383 arremessos tentados contra o CAP, com apenas 949 convertidos.

“Ter a menor média de pontos sofridos por jogo é relativo, mas acho que esse número do aproveitamento do adversário é mais expressivo e mostra muita coisa. No estilo de jogo que seguimos, mostra muito da nossa intensidade, de dificultar os arremessos dos adversários. Não sabia desse dado, mas é muito bacana saber”, concluiu o comandante do Paulistano.

Transição ou “Run and Gun”

A produção ofensiva do Paulistano é como uma história: tem um início, meio e fim. Nesse caso, o início é a defesa. Já o meio fica por conta da saída rápida em transição depois de roubo de bola ou rebote – aliás, o time é líder em rebotes defensivos do NBB CAIXA, com média de 28,86 por jogo.

Depois que tem a bola nas mãos, o time do técnico Gustavo De Conti sai em disparada para o contra-ataque (com extrema velocidade) para criar as situações de desequilíbrio na defesa adversária e assim procurar um arremesso livre – o fim da “história”.

Quando o atleta melhor posicionado é encontrado nessa transição, é chute. Não importa quanto tempo o relógio de 24 aponte. É sem dó, com confiança. Essa forma de jogar ficou conhecida como “Run and Gun” (em português “correr e atirar”), principalmente em equipes da NBA, como Golden State Warriors e Houston Rockets, este um dos times preferidos de De Conti.


Foi assim que o Paulistano alcançou 22 vitórias seguidas (recorde da temporada) e ficou com a vice-liderança da fase de classificação do NBB CAIXA. De quebra, o clube da capital paulista tem o melhor ataque (83,9 pontos por jogo), é líder em bolas de 3 pontos (12,0 convertidas por jogo) e possui o segundo melhor aproveitamento nos tiros longos (35,18%) da atual edição do NBB CAIXA.

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“Essa velocidade na transição é muito importante porque já chegamos criando uma vantagem na defesa do adversário, com cortes rápidos e arremessos. Além disso, esse ritmo alto cansa um pouco o outro time, já que jogamos sempre com muita intensidade. É uma característica muito importante para nosso bom desempenho nas partidas”, declarou o armador Elinho.

Essa maneira peculiar de jogar pode até contrariar alguns conceitos “clássicos” de estratégias do basquete, mas o jogo moderno (principalmente a NBA) mostra que esse estilo é extremamente eficiente quando se tem uma defesa forte, velocidade e um bom desempenho nos chutes de fora.

Rebote é lei

Não é só de contra-ataque que vive o Paulistano. Muito do alto volume ofensivo dos alvirrubros se deve também aos rebotes de ataque, que os dão novas chance de atacar e efetuar novos arremessos.

O time do técnico Gustavo De Conti é dono da segunda maior média de rebotes ofensivos do NBB CAIXA com 12,14 por partida, atrás apenas do Solar Cearense, do “gigante” Leozão, reboteiro da competição (8,7 rpj).

“Rebote ofensivo é um dado que mostra algumas coisas. Nosso volume de jogo é alto e ter o rebote de ataque nos permite ter ainda mais oportunidades de arremesso. Além disso, é um dado que vai de encontro com a intensidade que jogamos, com a característica dos jogadores. Sempre busco jogadores versáteis, com boa capacidade atlética, e isso nos proporciona algumas vantagens como essa”, declarou Gustavo De Conti.


Quem mais se destaca no quesito rebote ofensivo é o pivô bahamense David Nesbitt (1,9 por jogo), o ala/pivô Lucas Dias (1,7), e os pivôs Guilherme Hubner (1,1) e Du Sommer (1,0). Todos esses têm condições físicas privilegiadas e também muita vontade, assim como o explosivo ala Jhonatan (1,0).

Nos playoffs, essas médias de sobras ofensivas aumentaram ainda mais: Lucas Dias (2,33), Nesbitt (2,1), Guilherme Hubner (1,5) e Du Sommer (1,1). Por isso, esse quesito preocupa, e muito, a equipe do Mogi.

“Rebotes ofensivos são sempre muito importantes para um time que arremessa tantas bolas como nós. Não é sempre que teremos 40% de aproveitamento da linha de 3 pontos, então precisamos sempre ser agressivos na disputa dos rebotes de ataque para termos novas oportunidades. Com mais oportunidades todos ganham uma nova chance de ficar mais envolvidos no ataque”, comentou o ala/pivô bahamense Nesbitt.

Muito atlético e dedicado, Nesbitt é um dos jogadores que mais pega rebotes ofensivos no Paulistano (João Pires/LNB)

No entanto, o Paulistano sofreu uma grande perda. Segundo anunciou o Globoesporte.com e confirmou a assessoria do clube, Du Sommer foi diagnosticado com uma avulsão do tendão do cotovelo e passará por cirurgia nesta sexta-feira. Ele sentiu a lesão no início do Jogo 5 da semifinal contra o Bauru. Seu tempo de recuperação é de três a quatro meses.

Rotação intensa

Ficou bastante claro ao longo de toda a temporada que o estilo de jogo do CAP requer bastante gás. Para isso, o técnico Gustavo De Conti promove uma rotação constante com praticamente todos os jogadores do elenco, o que mantém a intensidade em quadra sempre lá em cima.

O jogador com maior tempo de quadra do CAP é Lucas Dias, com média de 23,1 minutos por jogo. Em seguida estão mais cinco atletas com média superior a 20 minutos: Elinho (23,0), Fuller (22,9), Nesbitt (22,2), Deryk (21,9) e Jhonatan (21,2).

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Em seguida, mais três atletas aparecem com média superior a 15 minutos: Du Sommer (17,4), Guilherme Hubner (16,3) e Yago (15,4). Com a lesão de Du Sommer, o jovem ala/pivô Victão, MVP das Finais da LDB 2017, pode ganhar mais minutos na rotação – tem média de 9,5 minutos por jogo.

“É sempre muito importante poder contar com os 12 jogadores, porque isso mantém nosso ritmo de jogo bem acelerado o tempo inteiro. Nossa rotação é uma das grandes características do nosso time e permite fazer várias trocas, de acordo com cada situação e cada adversário, o que não é todo time que consegue fazer”, analisou Elinho, líder em assistências do Paulistano na temporada, com média de 6,4 servidas por jogo.

Vários quintetos

O ponto mais interessante dessa rotação do Paulistano é a infinidade de quintetos que o técnico Gustavo De Conti coloca em quadra. Por ter um elenco bastante homogêneo, com atletas polivalentes capazes de fazer mais uma função em quadra, o comandante tem um vasto cardápio de opções para cada situação e cada adversário.

De Conti já citou inúmeras vezes que o rótulo de “titular” não existe em sua mente, já que ele promove uma intensa rotação durante toda a partida e não necessariamente o quinteto que iniciou o jogo é o que tem mais minutos, tampouco o que finaliza a partida.

São várias possibilidades. É tanta versatilidade que Gustavo De Conti testa diversos quintetos ao longo das partidas. Analisando somente os cinco jogos da série semifinal contra o Sendi/Bauru Basket, o treinador do CAP teve uma média de 22,6 formações diferentes por duelo.

“Muitas vezes não é necessário ter um elenco muito numeroso para ser eficiente. Aqui no Paulistano não temos um elenco numeroso, mas ao longo da temporada conseguimos deixar todos os atletas prontos para entrar em quadra e contribuir. Por exemplo, no ano passado, fomos preparando jovens como Yago, Victão e outros da base. Não importa se você contrata 12 ou seis adultos, o que importa é ter todo mundo pronto para jogar. Isso me possibilita uma rotação grande, com várias possibilidades e intensidade sempre alta”, falou o técnico do CAP.

Gustavo De Conti destacou a preparação que faz com todos os atletas do grupo do Paulistano ao longo da temporada (João Neto/LNB)

Por exemplo: se estiver precisando de poder de fogo e velocidade, o treinador usa formação mais baixa, com Elinho, Yago, Deryk e ainda revezar Fuller nesse trio. Se quiser um garrafão mais leve, pode colocar tanto Lucas Dias como o versátil ala Jhonatan na posição de ala/pivô, Du Sommer ou Nesbitt de “cincão”. Se precisar de um time mais alto, pode formar um quinteto com Elinho, Fuller, Jhonatan, Lucas e Hubner. E por aí vai…

“Com a lesão do Du Sommer perdemos uma peça muito importante, mas temos outros atletas prontos para entrar e corresponder, como Victão, Alex Dória e até o Dikembe, que não jogou muitos jogos mas com certeza está pronto. Podem até achar que temos um elenco numeroso, mas não existe mágica. É tudo uma questão de como você leva e como prepara os atletas ao longo da temporada”, finalizou De Conti.