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O nosso Pelé

12-12-2024 | 09:10
Por Liga Nacional de Basquete

Morre Amaury Pasos, aos 89 anos, o maior jogador do basquete brasileiro de todos os tempos

Em 26 de abril de 2023, o dicionário Michaelis incluiu Pelé como um novo adjetivo da língua portuguesa para definir “característica de algo ou de alguém incomparável, extraordinário, espetacular; excelente, exímio, inigualável”. Nas últimas horas de quarta-feira (11/12), o basquete brasileiro perdeu o seu Pelé. Amaury Antônio Pasos, o maior jogador da história, morreu aos 89 anos, em São Paulo.

Amaury Pasos em ação pela seleção brasileira contra os Estados Unidos. Foto: Arquivo

Amaury Pasos escreveu seu nome na história do esporte brasileiro nos anos 1950 e 1960. Defendendo apenas clubes da capital paulista – onde nasceu, em 11 de dezembro de 1935, apesar de crescer em Buenos Aires, na Argentina, cidade dos seus pais. O jogador iniciou sua carreira como pivô e chegou à posição de armador, defendendo o Tietê (1951-1957), Sírio (1958-1965) e Corinthians (1966-1972).

Ao longo da carreira, Amaury Pasos teve grandes conquistas pela seleção brasileira, como dois triunfos no Campeonato Mundial de Basquete. Em 1959, jogando em Santiago, no Chile, e em 1963, no Rio de Janeiro, quando o Brasil venceu os Estados Unidos por 85 a 81. Nas duas oportunidades, ele foi o MVP. Além disso, tem duas medalhas de bronze nos Jogos Olímpicos, em 1960 (Roma) e 1964 (Tóquio). Em oito oportunidades foi campeão sul-americano, além de ter alcançado inúmeros títulos regionais. Foram 96 partidas oficiais pela seleção brasileira.

 

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Para muitos, ele é considerado o jogador mais completo do nosso basquete por causa da sua versatilidade em atuar em diferentes posições em quadra. “Ninguém queria levar a bola, então eu que levava, foi em 1963, fui inclusive MVP. A FIBA reconheceu isso, eu mandei lá, tinha um recorde da manchete que apareceu o time do campeonato, eram eu, Wlamir e mais três americanos, Willis Reed, Jerry Shipp e Don Hodges. Eu joguei nas cinco posições. Primeiro foi pivô no Mundial de 1954, depois, em 1959, eu jogava na posição 3 e 4 e, às vezes, na 2, e finalmente, em 1963, fui armador e daí para frente, só jogava de armador. Às vezes, eu descia para o pivô para fazer uma jogadinha, mas minha função principal era de armador”, explicou Amaury Pasos.

Amaury Pasos entrou para o Hall da Fama da Federação Internacional de Basquete (FIBA) na classe de 2007, ao lado da Rainha Hortência e do técnico Togo Renan Soares, o Kanela. Em 2018, ele foi reconhecido pela FIBA como o único jogador na história a conquistar o prêmio de MVP em um Campeonato Mundial atuando em posições diferentes. A Liga Nacional de Basquete também deu ao troféu de MVP das Finais do NBB CAIXA o nome de Amaury Pasos, uma homenagem ao maior de todos os tempos.

Natação e vôlei antes do basquete

Uma curiosidade é que Amaury Pasos conquistou um título de campeão sul-americano de natação antes de ingressar no basquete. A mudança de esporte aconteceu pela paixão que começou ao acompanhar o pai Antonio Francisco Pasos nos treinamentos na ACM, quando ainda morava na Argentina. “Eu pegava uma bola e ficava chutando na cesta. E esse foi o meu primeiro contato com o basquete. Depois passei a fugir dos treinos da natação para jogar basquete.”

Após voltar ao Brasil, aos 16 anos, Amaury Pasos ainda se aventurou no vôlei e foi atleta do Club Athletico Paulistano, sendo campeão brasileiro e de seleções por São Paulo. O primeiro passo no basquete foi Tietê, quando trocou de esporte por influência do técnico Oscar Guarana. Ele permaneceu no clube até 1961. Em seguida, foi para Sírio, onde levantou foi campeão sul-americano de clubes (1961), bicampeão paulista (1959 e 1962) e pentacampeão metropolitano (1959, 1960, 1961, 1962 e 1963).

No Corinthians, Amaury Pasos se tornou ídolo atuando em uma equipe fantástica, com Wlamir Marques, Ubiratan e Rosa Branca, conquistando cinco títulos metropolitanos (1966, 1967, 1968, 1969 e 1970), três títulos paulistas (1966, 1968 e 1969), dois títulos brasileiros (1966 e 1969) e duas edições do Campeonato Sul-Americano (1966 e 1969). Em outubro deste ano, o jogador foi homenageado pelos serviços prestados aos clube com um busto na entrada do ginásio Wlamir Marques, outro ídolo do Alvinegro que também recebeu essa mesma honraria. Ele também tem suas mãos eternizadas na Calçada da Fama do Corinthians, um espaço no Memorial do Clube.

Após se aposentar das quadras, Amaury Pasos se tornou treinador e foi bicampeão nacional pelo Monte Líbano, em 1982 e 1983. Ele sonhava em ser o técnico da seleção brasileira nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, naquela que seria sua quarta edição de uma Olimpíada, mas isso não se confirmou e ele, pouco depois, decidiu abandonar o basquete.