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Seleção Brasileira

Consciente

04-07-2014 | 03:19
Por Liga Nacional de Basquete

Depois de passar por momentos adversos no basquete brasileiro, ala do Paulistano, Pilar, soube aproveitar o momento certo e agora celebra a convocação para a Seleção

Um dos destaques do Paulistano no NBB6, Pilar foi lembrado pelo técnico José Neto e desfruta de uma posição na disputa por vaga no elenco que defenderá o Brasil no Campeonato Sul-Americano (Luiz Pires/LNB)

Um dos destaques do Paulistano no NBB, Pilar foi lembrado pelo técnico José Neto na convocação da Seleção (Luiz Pires/LNB)

A Seleção Brasileira convocada pelo técnico José Neto para o Campeonato Sul-Americano tem algumas surpresas inéditas. Uma delas é o ala Henrique Pilar, do Paulistano/Unimed. A equipe da capital paulista foi exatamente a rival do Flamengo, do comandante do esquadrão nacional, na Final do NBB 2013/2014.

Pilar, ala de 31 anos, desfruta pela primeira vez de uma posição entre os jogadores que defendem a camisa verde e amarela na categoria adulta. Há quatro temporadas no maior campeonato de basquete no país, ganhou vaga de titular no Paulistano, time para o qual foi contratado para o NBB 2013/2014. O que ninguém imaginava é que o tradicional clube paulista teria o sucesso alcançado, a ponto de chegar à decisão e fazer uma partida equilibrada contra o então também campeão do torneio.

Na vitoriosa campanha do Paulistano, Pilar teve médias de 11,1 pontos por jogo e importantes atuações, como no último confronto das quartas de final contra o VIVO/Franca. Foram 26 tentos positivos de 38 tentados, com aproveitamento de 100% nos arremessos de quadra.

“A boa campanha do Paulistano conta muito para essa convocação. Meu time me ajudou a estar aqui. O envolvimento que tivemos, a compreensão mútua da equipe e, sem dúvidas, o resultado, com certeza me deixaram em uma vitrine que talvez tenha me favorecido muito”, avaliou o jogador.

Pilar começou a jogar basquete competitivamente a partir de seus oito anos de idade. Antes disso, já era presença frequente nas quadras por influência de seu avô, que era praticante da modalidade. Paulistano, fez seu começo de carreira em sua cidade natal, até ser contratado por uma equipe do sul do Brasil. Passou por um momento turbulento do esporte no Brasil quando já atuava profissionalmente e até pensou em desistir.

Pilar, ainda novo, já disputava basquete competitivamente (Arquivo pessoal)

Pilar, ainda novo, quando já disputava basquete competitivamente (Arquivo pessoal)

“Como profissional, comecei no Paulistano e depois fui para a Hebraica. Então, fui para um time de Curitiba e desse momento em diante minha vida começou a complicar pelo fato de que uma desorganização acometeu o basquete brasileiro”, lembra Pilar. “Foi um momento ruim e eu cheguei a cogitar parar de jogar”.

Foi com a ajuda do seu atual técnico na Seleção Brasileira que ele se recompôs no basquete. “O Neto me aconselhou para um técnico do São Bernardo e a partir de então tudo começou a mudar com a Liga Nacional de Basquete, que começou a promover as suas competições e passou a dar certo. Então, eu sou fruto desse crescimento da modalidade. O basquete passou por um momento ruim e agora começou a alavancar de novo, e para mim é um prazer estar na Seleção”, afirma.

Depois de se reencontrar no basquete, Pilar se destacou e foi contratado pelo Paschoalotto/Bauru no NBB3. Na equipe do interior paulista, sua flexibilidade de atuar em diversas posições chamou a atenção de outros times do país, inclusive do Paulistano, para o qual foi contratado para o NBB6.

Fora das quadras, Pilar é estudioso e concilia sua vida esportiva com a vida acadêmica. Há quase 10 anos, faz faculdade de História, mas esse tempo todo não é por dependência em matérias. A cada cidade que passa jogando, precisa entrar em uma instituição de ensino diferente, o que acaba gerando uma quebra na carga horária que o força a passar mais tempo dentro do curso. Porém, mesmo com a rotina dos treinos, isso não é problema para o jogador, que vê no estudo uma maneira de relaxar.

“Não me cansa conciliar os treinos com o curso. Eu tenho prazer em História e mesmo se eu não estivesse na faculdade eu estaria lendo alguma coisa relacionada à matéria. Realmente, é que nem basquete, não cansa. É uma paixão e não me cansa. É algo que faz com que eu me sinta bem e que eu gostaria de exercer depois que eu parar de jogar. Eu gosto muito de ler. Então eu não vejo a universidade como uma carga, é um prazer. Eu gosto de estudar”, conta o jogador.

Toda a sua história com o basquete e o envolvimento com o estudo acadêmico traz a Pilar um diferencial como jogador. O ala tem consciência de que a sua atuação dentro de quadra coopera para com o desenvolvimento do esporte fora dela. Por isso, está sempre por dentro das novidades e ações da Associação de Atletas Profissionais de Basquete do Basil (AAPB).

“Sempre tive interesse nesse lado e sempre acho que é uma coisa que faltou no Brasil. A participação do atleta é importante não só na quadra, mas também na estrutura, em estar envolvido com essas questões de instituição. Sempre acompanhei todas as iniciativas da AAPB, às vezes de longe, às vezes participando. Procuro com frequência uma forma de participar”, diz com precisão.

Pilar teve atuação de destaque na partida contra o Franca durante as quartas de final do NBB6, quando marcou 26 pontos e ajudou o seu time a conquistar uma vaga na semifinal (LNB)

Pilar teve atuação de destaque na partida contra o Franca durante as quartas de final do NBB6 (João Pires/LNB)

A convocação de Pilar para a Seleção Brasileira foi uma coroação por toda a sua carreira, com uma história de persistência e perseverança. Por isso, o jogador dá tudo de si e aproveita ao máximo esse momento de responsabilidade, na luta por uma vaga no grupo que defenderá o Brasil no Campeonato Sul-Americano.

“Para mim está sendo muito bom. Todo mundo buscando se conhecer. Quer dizer, alguns já se conhecem, eu, que sou novo aqui, estou buscando conhecer algumas pessoas. É um ambiente gostoso, um treinamento muito duro, mas é muito legal”, finaliza Pilar.