HOJE
CONFIE NO PROCESSO!
Por Gabriel Rocha
Vitinho Brandão dita o ritmo nas quadras, assim como na música; de promessa, vira realidade e sonha com Olimpíadas. Armador é peça essencial do único invicto da LDB 2025, o Paulistano
O Paulistano é o único time invicto na Liga de Desenvolvimento de Basquete 2025 – Campeonato Brasileiro Interclubes (CBI). Classificado para a Série Ouro, que começa nesta sexta-feira (12/09), a equipe paulista somou 10 vitórias em 10 partidas e chegará para a fase decisiva da competição sub-22, que conta com apoio do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), como o 1º colocado do Grupo A. Em um time em que a coletividade do elenco comandado pelo técnico Renan Custódio se sobressai acima de qualquer individualidade, o armador Vitinho Brandão, ainda assim, conquistou destaque e protagonismo com a camisa do Tigre na atual edição da LDB.
No dia 2 de agosto de 2025, a última rodada da etapa de classificação da LDB contou com o duelo mais esperado do campeonato até aqui: Paulistano e Corinthians chegaram invictos para duelar entre si, valendo o primeiro lugar do grupo e a manutenção da invencibilidade de olho na Série Ouro. O ambiente era favorável aos corintianos, pois a partida foi disputada no Parque São Jorge, casa do Alvinegro, mas a partida teve outro rumo graças a Vitinho.

Vitinho tem feito uma grande LDB pelo invicto Paulistano. Foto: Fabrício Miguel
”Desde que acordei naquele dia, sabia que seria o meu jogo. Você sente. Eu sentia que era meu dia e que ninguém ia tirar isso de mim. Nosso time tem muita qualidade. Sempre vai ser o dia de alguém: um dia é o Landeira, outro o Atauri, outro o Lele… Naquele dia, era o meu. E o time tem essa maturidade: se o Vitinho está quente, a bola vai nele. Isso faz toda a diferença”, comentou Vitinho.
O jovem de 20 anos explodiu para 27 pontos, sendo nove deles no último quarto, com 100% de aproveitamento, cinco rebotes, quatro assistências e 27 de eficiência, coroando a grande campanha do Paulistano com a vitória no jogo mais aguardado da atual edição da maior competição sub-22 do basquete brasileiro até aqui. Mas, para chegar a esse momento glorioso, Vitinho percorreu uma caminhada de confiança no processo.
Começo no judô
Natural de São Paulo (SP), mais precisamente da Zona Leste, Vitinho conheceu o esporte da bola laranja de forma natural. Após insistência de sua mãe para que ele fizesse alguma atividade após a escola, o garoto começou a fazer aulas de teatro e judô durante a infância, mas o barulho do basquete sendo praticado na quadra ao lado de suas primeiras atividades despertou uma curiosidade que se tornou sonho.
”Tinha um CEU lá perto de casa, uma escola que tinha várias atividades para fazer depois das aulas. No começo da minha caminhada, tinha teatro, judô, futebol, natação… um monte de coisa. A minha mãe queria que eu fizesse alguma coisa depois da escola. Comecei fazendo teatro e judô”, contou Vitinho.
”Só que o teatro… eu achava meio chato. Acabei saindo e fiquei só no judô. Todo dia, quando acabava o treino de judô, começava o treino de basquete. E eu escutava a bola quicando na quadra, aquela barulheira toda, e batia aquela curiosidade. Às vezes, quando acabava meu treino, eu ia assistir aos treinos de basquete. Um dia, os professores de lá (Gilmar e Fernandão) chegaram a mim e perguntaram se eu não teria interesse em treinar com eles. Treinei a primeira vez, gostei e, desde então, não parei mais”, disse.
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A prática do basquetebol se tornou diária e única. Em um dos festivais organizados pelo CEU, um técnico gostou de suas habilidades e, aos 11 anos, o armador teve a primeira experiência em clubes: o Hebraica contou com os seus serviços na categoria sub-12. O projeto de basquete em categorias menores, porém, foi encerrado no clube, fato que consumou a ida para o Esperia, outra equipe de São Paulo, onde Vitinho jogou por cinco anos, até o início da pandemia da covid-19.
As atividades foram interrompidas e, quando os esportes retornaram, Vitinho recebeu a chance de defender o São Paulo, quando foi comandado pelo técnico Dinho, recebendo sua primeira oportunidade na Liga de Desenvolvimento de Basquete, em 2021, com apenas 16 anos. A passagem pelo Tricolor foi breve, pois um dos maiores clubes formadores no basquete brasileiro se interessou pelo jogador: o Paulistano.
”Desde o meu primeiro dia no Paulistano, fui muito bem acolhido por todos. Pelos técnicos, todos me receberam da melhor forma possível. Fui me identificando com essa cultura, esse DNA de vencedor. Até aquele momento, eu nunca tinha ganhado nada relevante na base. E o Paulistano foi onde comecei a mostrar mais o meu basquete, querendo ou não”, relembrou.
Chegada no Paulistano
Após a chegada no Paulistano, as coisas começaram a deslanchar na carreira do jovem jogador, mas sempre com paciência e com fé no processo. ”O Paulistano faz um planejamento muito bom para desenvolver jovens, mas você precisa aprender a esperar o seu momento. Quando cheguei, tinham caras como Mogi, Adyel e Buiú. Naturalmente, esses caras iam ter mais espaço que eu, foi um processo. Aprendi muito com eles, evoluí demais treinando e jogando junto. No meu primeiro NBB, eu basicamente não tinha minutagem, era o 11º ou 12º jogador, mas viajava com o time, ganhava experiência”, disse.
Já no segundo ano com o Tigre, o jovem Vitinho adicionou um título para a sua prateleira com a conquista da LDB 2023, mas ainda em processo de espera para o protagonismo – como terceiro armador da equipe, viveu mais uma temporada de maturação do jogo e da mente. Na LDB seguinte, em 2024, o atleta figurava como o segundo armador da equipe, mas Vinicius Mogi, o titular da época, sofreu uma lesão significativa, e Vitinho recebeu uma grande oportunidade de maior minutagem na competição sub-22.
Foram 10,7 pontos por jogo e 12,4 de eficiência em 25 minutos por jogo na LDB 2024, edição da competição em que o Paulistano conquistou o bicampeonato, com o armador sendo uma das peças essenciais do título. “Em 2024, ganhei mais espaço. Só tinha o Mogi como armador, e ele acabou tendo uma lesão séria, bem chata. Isso abriu uma oportunidade para mim, e eu aproveitei. Hoje, sou eu e o Landeira. Dá para ver que o clube continua apostando na gente e também nos próximos jovens que estão vindo. É um processo, sabe? Tem que confiar. Trust the process“, opinou.
Todo o destaque na base também levou Vitinho a receber oportunidades no profissional, visto que o armador somou 24 minutos por jogo no NBB CAIXA 2024/25, com médias de 8,1 pontos por jogo. Com apenas 20 anos, ele já detém minutagem sólida na elite do basquete nacional. E não para por aí…
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Grande desempenho
A LDB 2025 vem sendo especial para Vitinho. Além da evolução da minutagem (11 minutos de quadra em 2022 para 28 minutos em 2025) e das estatísticas (por jogo, ele soma 13,6 pontos, 7,3 rebotes e 5,7 assistências para 21,4 de eficiência), o armador anotou o 11º triplo-dupo da história da Liga de Desenvolvimento de Basquete, foi eleito para o quinteto ideal da 2ª etapa e, como já falado anteriormente, foi o fator decisivo na partida mais importante da competição até aqui. Toda a habilidade de Vitinho conta com a inspiração em Georginho, um dos grandes nomes do basquete brasileiro há anos, porque o objetivo é ser o armador que ”faz tudo”.
”Se o time precisa que eu defenda o melhor jogador, eu faço isso. Se precisa que eu faça 20, 30 pontos, eu faço. Se precisa que eu organize o jogo, eu organizo. Quero contribuir de várias formas. O Georginho faz isso muito bem, então me inspiro nele”, explicou.
Apesar da pouca idade, Vitinho também vem se destacando internacionalmente, pois foi campeão do Globl Jam 2025, competição sub-23 em que o Brasil superou os Estados Unidos na final, com ele sendo uma das peças da Seleção Brasileira. O jovem sonha com uma consolidação no NBB CAIXA e, posteriormente, se interessa pelo basquete europeu. Como todos os jogadores, também é impossível para ele descartar a possibilidade de sonhar com a NBA. Com a amarelinha, o céu é o limite:
”Sempre falo que meu maior objetivo é disputar uma Olimpíada pela seleção. Representar o Brasil é o ápice. Uma, duas, três Olimpíadas… quem sabe? A camisa da seleção tem um peso enorme, mas, ao mesmo tempo, te dá confiança. Sempre que me chamarem, seja para um amistoso, para um torneio, para um mundial, eu nunca vou recusar. É um sonho de moleque, e eu vou agarrar essa oportunidade quantas vezes for”, revelou.
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Sem perder o ritmo
Fora de quadra, Vitinho pratica hobbies que ajudam a explicar o sucesso dentro das quadras. Além da paixão por videogames, o armador começou a tocar bateria recentemente. ”Desde criança, ia para a igreja com minha avó e minha mãe, e sempre pegava as baquetas depois do culto para brincar. Mas nunca tinha parado para aprender de verdade. Esse ano decidi investir nisso. Hoje toco na igreja. Sempre gostei de bateria, mas nunca tinha parado para aprender. Esse ano comecei a ter aulas e percebi como isso ajuda no basquete. O jogo tem ritmo, assim como a música. Se você atropela o ritmo, perde o tempo da jogada. A bateria me ensinou a respeitar o tempo certo”, contou.
O atleta também encara uma rotina puxada entre treinos, jogos e viagens. Mas a família segue sendo sua principal motivação, especialmente o irmão caçula, Samuel, que o vê como grande exemplo de vida. ”Tudo que faço é pela minha família. Um beijo pra minha mãe, que está sempre orando por mim, e pro meu irmão Samuel, que me vê como referência. Isso me motiva demais”, falou. Além disso, Vitinho tem como rotina a leitura bíblica e a oração, algo extremamente presente em sua vida.
A LDB é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete com patrocínio máster da Caixa Econômica e Governo Federal, parceria do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), chancela da Confederação Brasileira de Basketball e patrocínios oficiais Penalty, Universidades Cruzeiro do Sul, UMP, Whirlpool e apoio oficial Infraero, IMG Arena, Genius Sports, EY e NBA.
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