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"Me chamaram de macaco"

04-06-2020 | 04:35
Por Liga Nacional de Basquete

Em debate sobre racismo no Facebook do NBB, Mathias relembra história cruel nas categorias de base

A live transmitida no Facebook do NBB nesta quarta-feira (03/06) não foi de um jogo de basquete, mas foi tão importante quanto uma final. Os protagonistas eram os mesmos, com uma diferença. Léo Figueiró, Gui Deodato, Thiago Mathias e Gustavo Basílio trocaram as jogadas pelas palavras, proporcionando uma debate histórico sobre racismo e o movimento #VidasNegrasImportam.

Apresentado por Rodrigo Bussula, produtor de conteúdo da equipe de comunicação da NBB, a bate-papo levantou reflexões, questionamentos e experiências envolvendo o preconceito racial. Uma das histórias mais marcantes da conversa foi a de Mathias, pivô do Basquete Cearense, que foi ofendido pela cor da sua pele quando jogava nas categorias de base.

Tópico sobre ofensas racistas vindas da arquibancada foi levantado por fã nos comentários

“Na primeira viagem com a minha equipe aqui em Porto Alegre, fomos jogar uma rivalidade grande aqui do Rio Grande do Sul, contra o time de Lajeado, que é no interior. Estava sendo um jogo muito bom, rivalidade grande, e começaram os atos racistas. Começaram a me chamar de macaco, criolo, que eu tinha que voltar para a África. Isso me abateu bastante. Na época eu tinha 15, 16 anos, era praticamente uma criança, era minha primeira viagem, eu não sabia nada da vida”, contou Mathias.

+ Posicionamento dos atletas, racismo velado e como a sociedade pode ajudar foram alguns dos assuntos abordados no debate

“A partir daquele momento percebi que as pessoas me olhavam diferente por eu ser negro. E o que me abateu muito foi que quem estava me ofendendo na arquibancada eram pais dos garotos que eu estava jogando contra. Me parei para pensar: ‘o que leva uma pessoa a ofender uma criança?’. Isso foge totalmente do esporte, da vivencia, da vida”, afirmou.

Em 10 temporadas no NBB, Mathias passou por sete equipes: Paulistano, Joinville, Bauru, Franca, Pinheiros, Campo Mourão e Basquete Cearense. (Stephan Eilert/Basquete Cearense)

Ele começou a entender que além de todas as dificuldades que enfrentaria para se tornar um jogador profissional, ainda teria que lutar contra o racismo. A estrutura injusta e desumana da sociedade brasileira foi explicada pelos seus pais depois do ocorrido.

“Isso me feriu muito e me fere até hoje, porque são fatos que ficam guardados na memória, no coração, coisa que uma criança não precisaria levar para a vida. Meus pais tiveram uma boa conversa comigo e me explicaram que infelizmente existem pessoas assim no mundo, que querem ver meu mal, mas que com luta e persistência eu conseguiria vencer. Isso foi uma coisa que me marcou e marca até hoje”, finalizou.

O debate completo está disponível no Facebook do NBB e você pode acessá-lo clicando aqui. Confira abaixo o vídeo do forte relato de Mathias. #VidasNegrasImportam

 

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