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Os passos dalenda

25-04-2019 | 11:30
Por Rodrigo Bussula

Carreira na Europa, sonho da NBA e idolatria no Brasil: Guilherme Giovannoni comenta cada etapa de sua gloriosa trajetória no basquete

Foram 22 anos de uma rica carreira como atleta profissional. Agora, essa gloriosa trajetória chegou ao fim. Estamos falando de Guilherme Giovannoni, “A Lenda”.

Mas, para alcançar o posto de “lenda”, muita coisa aconteceu.

Para sabermos melhor sobre toda a sua trajetória, conversamos com ele e relembramos, passo a passo, cada fase de sua carreira.

Confere aí!

Os primeiros passos e experiência na Espanha

Nascido em Piracicaba (SP), Giovannoni iniciou sua trajetória no basquete profissional em 1997, no Esporte Clube Pinheiros, onde ficou até 2000.

 

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TBT pra essa camiseta de jogo em uma das minhas primeiras temporadas como profissional, pelo @ecpinheiros ! #tbt #pinheiros #ecpinheiros

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Com um grande potencial, o ala/pivô pinheirense, até então com 19 anos, foi selecionado para o Time Mundo do Nike Hoop Summit – evento que reúne os principais jovens prospectos do basquete mundial -, de 1999. Na oportunidade, o jovem atleta encerrou o confronto contra o Team USA com oito pontos e dois rebotes.

+ Estatísticas completas do Nike Hoop Summit de 1999

No ano seguinte, Giovannoni deixou o Pinheiros e rumou para o Fuenlabrada (ESP), em sua primeira experiência internacional na carreira. A passagem na equipe espanhola durou apenas uma temporada e, após outra curta passagem pelo Gijón (ESP), ele retornou para o Pinheiros.

 

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TBT de hoje pra minha primeira experiência fora do país como profissional! @bfuenlabrada na @acbcom !!! #tbt #faztempo #ligaacb #fuenla

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“Minha primeira experiência na Espanha foi muito mais de aprendizado de vida do que de basquete. Na época, com 19 anos, e sem muitas informações, não tinha ideia de com quem iria jogar, ou de quem era meu treinador. Simplesmente fui. Obviamente, tive muitas dificuldades que, consequentemente, refletiram no meu jogo”, afirmou.

Pouco tempo depois de seu retorno ao clube pinheirense, Giovannoni se transferiu para o COC/Ribeirão Preto, em mais uma curta passagem, antes de rumar para outra experiência na Europa.

Primeiros passos na Itália

Em 2002, Giovannoni foi contratado pelo Rimini Crabs, da Itália, e iniciou ali uma trajetória de muito sucesso no país.

O ala/pivô permaneceu por apenas uma temporada no Rimini Crabs e, logo em seguida, seguiu para o tradicional Treviso, também do basquete italiano. Por lá, ele conquistou seu primeiro título em solo europeu: a Copa da Itália de 2004.

+Estatísticas completas da carreira internacional de Giovannoni

Na temporada seguinte (2004/2005), Giovannoni deixou o Treviso e desembarcou no norte da Itália para defender o Biella (ITA). A passagem também foi curta, de apenas uma temporada.

Sonho da NBA

Como já havia participado do Nike Hoop Summit de 1999, Giovannoni alimentou ainda mais o sonho de atuar na NBA ao disputar a Summer League de 2004 pelo Cleveland Cavaliers.

 

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It’s Summer League Time! Aproveitem, @augustolima7 e @georgelucas14 #tbt #2004 #nba #cavs

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Em sete partidas, o ala/pivô teve médias de 5,57 pontos, 1,86 rebotes e 0,57 assistências e 14,1 minutos de quadra. Inclusive, chegou a fazer um jogo de 22 pontos contra o Denver Nuggets.

+ Estatísticas completas de Giovannoni na Summer League 2004

“Jogar na NBA é o sonho de todo jovem jogador. Em 99, quando participei do Nike Hoop Summit, um brasileiro ser chamado para o Time Mundo para jogar contra os Estados Unidos era algo impensável. Na época, não se tinha as informações como hoje. De qualquer forma, participar do Nike Hoop Summit e da Summer League foi uma grande experiência. Guardo essas recordações e tenho orgulho de conta-las”, afirmou.

Retorno à Itália e protagonismo

O sonho de atuar na NBA ficou mais distante, então, Giovannoni retornou para o basquete europeu na temporada 2005/2006, novamente no Treviso (ITA), e logo de cara foi campeão do Campeonato Italiano.

No entanto, após perder um pouco de espaço na equipe, que na época era comandada pelo técnico David Blatt (ex-Cleveland Cavaliers), Giovannoni acertou sua transferência para o BK Kiev, da Ucrânia, no meio da temporada.

“Comecei a temporada em Treviso, mas como fiquei sem muito espaço no time, fui para a Ucrânia quando surgiu a oportunidade, em dezembro de 2005. Lá, chegamos nas semifinais do FIBA EuroChallenge, mas perdemos para o Joventud Badalona, time do Marcelinho Huertas, e terminamos em terceiro. No Campeonato Ucraniano também fomos muito bem e encerramos como vice-campeões”, disse.

Após a temporada na equipe ucraniana, Giovannoni engatilhou seu retorno para a Itália, mas desta vez para uma experiência inédita no tradicional Virtus Bologna, clube que havia sido campeão da Euroliga de 2001 sob comando de um mero garoto chamado Manu Ginóbili.

Giovannoni marcou época no Virtus Bologna (Divulgação/Virtus Bologna)

Durante três anos, entre 2006 e 2009, Giovannoni vestiu as cores do Virtus e, nesse meio tempo, chegou em diversas finais e conquistou o título do FIBA EuroChallenge da temporada 2008/2009.

 “Jogar em Treviso foi espetacular. Era um timaço, disputávamos a Euroliga e conquistei títulos, mas o meu auge foi no Virtus Bologna. Lá jogamos final de campeonato italiano, três finais de Copa da Itália e ganhamos a FIBA EuroChallenge. Fui capitão da equipe e, por lá, construí uma história mais intensa”, reiterou.

Chegada no Brasília

No retorno às terras tupiniquins, o destino de Giovannoni foi o Brasília, na temporada 2009/2010 do NBB CAIXA.

Com as cores da equipe candanga, o ala/pivô viveu sua fase mais vitoriosa e conquistou dois tricampeonatos: o do NBB CAIXA (2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012) e da Liga Sul-Americana (2010, 2012 e 2015).

“O tricampeonato do NBB CAIXA foi o que mais me marcou. Mostramos uma força imensa na competição, no momento em que ela ficava cada vez mais acirrada. Conseguimos o tri em uma final de jogo único, contra o São José, e com certeza isso foi marcante”, disse.

Em oito temporadas com o Brasilia, Giovannoni marcou seu nome na história da equipe da capital federal (Brito Junior/Divulgação)

Além dos prêmios coletivos, os individuais também fizeram parte da rotina do jogador, que detém um troféus de MVP da temporada 2010/2011 do NBB CAIXA, dois de MVP das Finais de 2010/2011 e 2011/2012, além de MVP da Liga Sul-Americana, em 2010 e 2013.

“A maneira que toda a cidade me acolheu, de companheiros de equipe, amigos que fiz, a torcida, principalmente, foi tudo muito gostoso de vivenciar. Tenho Brasília no meu coração e sinto orgulho de ter atuado lá. A cidade carregava o estigma de temas polêmicos e se falava mal de Brasília pelas questões políticas. Com a nossa equipe, conseguimos mostrar, através do basquete, que Brasília tem coisas muito boas. Sinto muito orgulho disso”, reiterou.

Seleção Brasileira

Pela Seleção Brasileira, Guilherme Giovannoni também marcou época. Sua primeira aparição com a camisa verde-amarela foi em 2001 na disputa do Campeonato Sul-Americano em Valdivia, no Chile. Dali em diante, defendeu o Brasil até os Jogos Olímpicos Rio 2016.

“Jogar pela Seleção sempre foi motivo de grande orgulho. Me lembro até hoje, que a cada convocação meu pai me ligava e parabenizava pelo feito. Virou uma tradição e, independente de quantos anos eu tivesse, ele sempre me dava os parabéns, pois sabia que era uma grande conquista. Sempre gostei muito de defender a Seleção e fiz grandes amizades no período em que estive lá”, garantiu.

Guilherme Giovannoni foi um dos grandes nomes da Seleção Brasileira na última década (Divulgação/FIBA)

Ao longo dos 15 anos em que esteve na Seleção Brasileira, Giovannoni fez parte de grandes elencos e conquistou um total de cinco títulos: duas Copas Américas (2005 e 2009), um Torneio Tuto Marchand (2011) e uma medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos (2003).

Além dos títulos, ele marcou presença em importantes competições com a camisa da Seleção Brasileira, como nas Copas do Mundo de 2002, 2006, 2010 e 2014, e nos Jogos Olímpicos de 2012 e 2016.

E por falar nisso, Giovannoni fez parte do elenco que ficou com o vice-campeonato da Copa América de 2011, em Mar Del Plata (ARG), e levou o Brasil de volta a uma Olimpíada após 16 anos de jejum – Londres 2012.

“É claro que os títulos marcam muito e são coisas que ninguém tira da gente. Mas a classificação e a disputa da Olimpíada em 2012, em Londres, para todos que viveram esse momento foi um momento maravilhoso”, assegurou.

Capítulo final no Corinthians

Depois que saiu do Brasília na temporada 2016/2017, Giovannoni jogou uma edição do NBB CAIXA no Vasco, onde conquistou a Copa Avianca e anotou médias de 11,2 pontos, 5,9 rebotes, 2,0 assistências e 12,5 de eficiência em 31 jogos.

Já para temporada 2018/2019, o ala/pivô escolheu o Corinthians como seu destino final. Suas médias na campanha que levou o Timão até às quartas de final dos playoffs do NBB CAIXA foram de 12,1 pontos, 5,0 rebotes, 1,6 assistências e 12,5 de eficiência em 31 jogos.

+ Guilherme Giovannoni: obrigado, lenda

Giovannoni escolheu o Corinthians como ultima equipe de sua carreira (Beto Miller/Corinthians)

“A temporada no Corinthians teve muitos altos e baixos. Não fomos muito bem no Paulista e surgiram muitas dúvidas sobre a equipe. Mas, no NBB CAIXA, fizemos uma temporada de recuperação, que deixou o Corinthians na sexta colocação com possibilidade de disputar um torneio internacional. Tenho orgulho de ter vestido essa camisa. Fazer parte do retorno do Corinthians foi marcante para a minha carreira”, declarou.

Giovannoni encerrou a carreira como o 4º maior cestinha (5.792 pontos), 3º maior reboteiro (2.323), 3º mais eficiente (média de 18,62 pj) e o 3º com mais duplos-duplos em toda a história do NBB CAIXA – tudo isso em 359 jogos.

+Estatísticas completas por fundamento na história do NBB CAIXA

Os próximos passos

Mesmo com a aposentadoria, Giovannoni permanecerá ligado ao mundo da bola laranja. O ex-jogador faz parte do quadro de comentaristas dos canais ESPN e seguirá participado das transmissões da NBA no canal.

“Agora vou descansar um pouco. Tenho que aproveitar esse momento como comentarista da ESPN, que é uma experiência maravilhosa. Sei que tenho muita coisa a melhorar, mas só de poder passar a experiência que tive em quadra já é muito legal. Tenho muito prazer em fazer isso’’, falou.

A função de comentarista agrada Giovannoni. No entanto, o eterno camisa 12 pretende exercer algum outro cargo dentro do basquete, mas ainda não decidiu qual.

‘’Certamente vou pensar um pouco em realizar algumas coisas que não pude fazer nos últimos anos, como ficar mais perto da família, visitar parentes que não vejo há muito tempo e ir para lugares que não pude. Sem dúvidas minha ideia é continuar no meio do basquete. Ainda não tenho nenhuma área definida, mas o plano é continuar e lutar pela melhoria da modalidade no Brasil”, finalizou o lendário Giovannoni.

O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), em parceria com a NBA, e conta com o patrocínio máster da CAIXA, os patrocínios da Budweiser, INFRAERO, Avianca, Nike e Penalty e os apoios de UNISAL, Açúcar Guarani, Ministério do Esporte e Governo Federal.