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NBB Caixa

A voz da sabedoria

10-05-2025 | 09:31
Por Juvenal Dias

David Jackson, do Sesi Franca, e Jimmy, do Pinheiros, conhecem os segredos para ter sucesso nas quartas e uma carreira longeva dentro do NBB CAIXA: trabalho duro e dedicação

Sesi Franca e Pinheiros são dois times acostumados a revelar muitos talentos para o basquete nacional, por meio de duas bases das mais fortes do país. Contudo, para pensar em avançar das quartas de final e seguir sonhando com o título do NBB CAIXA, é preciso ter um contraponto na balança e uma boa dose de sabedoria com jogadores experientes e que conhecem os atalhos nas quadras. Muito mais do que isso, David Jackson e Jimmy Dreher são verdadeiros exemplos para a garotada mais jovem e mostram, com suas atitudes, que o tempo foi aliado ao longo de suas jornadas.

Muita história para contar

Com 42 anos, a maioria dedicada ao basquete e 12 temporadas de NBB CAIXA, David Jackson tem seu nome cravado na história da competição e é um dos maiores estrangeiros que aterrissaram no Brasil para desfilar sua técnica no principal campeonato do continente sul-americano. Em todas as temporadas que atuou, se classificou aos playoffs, com exceção de 2019/20, em que a competição não chegou à fase aguda. Essa será a nona vez que chega às quartas de final, fase em que parou em uma oportunidade. Teve três semifinais, um vice-campeonato e vem de três títulos seguidos com o Sesi Franca. Além disso, foi MVP da temporada 2013/14 jogando pelo Limeira, quatro vezes o estrangeiro do ano e quatro vezes melhor ala do quinteto ideal.

David Jackson é importante para o Sesi Franca dentro e fora de quadra. Marcos Limonti/ SFB

Jimmy tem menos idade, 35, mas tem muito mais tempo de casa, atuando pelas 17 temporadas do NBB CAIXA, sendo o 14º jogador da história a superar a marca dos 500 jogos na competição, começando a série com 511. Nunca perdeu um jogo por lesão ou outro problema físico ou de comportamento. Se classificou para as 15 edições anteriores de playoff, tendo ficado três vezes nas oitavas. Ou seja, será sua 13ª quartas de final, fase em que parou cinco vezes, foi a quatro semifinais e por outras três vezes, foi finalista, mas nunca levantou o troféu de campeão. Além disso, foi o defensor do ano por três temporadas seguidas.

Os benefícios

Grandes currículos de dois atletas que sempre entenderam seus papéis e se cuidaram para chegar tão longe. Principalmente, são duas pessoas que conhecem os caminhos das pedras nos playoffs e como fazer para seguir adiante. Tamanhas experiências trouxeram muitos benefícios. “Deixa eu mais calmo, porque vi tantas coisas durante a minha carreira. Então, nos momentos mais difíceis, durante esses anos, aprendi a ficar mais calmo e mais relaxado. Não sei se alguém tem o que contestar, mas eu treino muito para esses momentos”, afirmou David Jackson. “Passa a ter mais atalhos, bolas combinadas que dá para executar, isso vem com bastante experiência e vivendo estilos de jogos diferentes. Facilita bastante o trabalho”, completou Jimmy.

As lições

Os playoffs se tratam de um momento crítico da temporada, com mais jogos nervosos e situações que exigem o máximo de cabeça dos atletas. Isso, em dois times que há uma predominância, sobretudo no Pinheiros, de jovens com grande ímpeto, pode custar uma classificação. Aí, nada melhor do que ouvir e se espelhar em quem já passou por isso tantas vezes. “Só tento falar o que eu vi e vivi para, na próxima vez, eles possam aprender, porque tudo isso agora é uma nova experiência para eles. Só tento explicar o que eu vi e qual a minha opinião a respeito para, na próxima vez, eles não errarem, eles se sentirem mais confortáveis”, explicou a ala do Sesi Franca. “Sempre tento ser positivo, eles erram e eu erro também, faz parte. Quando saio para a quadra, antes de sair do vestiário, temos uma conversa, todos falam seus pontos para tirar algo de bom. Quando não tivemos isso, podemos até vencer, mas sem a performance boa como equipe. Pode ter um grande destaque, mas nosso time é com os 12 que vão para o jogo, sempre tento passar isso”, ressaltou o ala do Pinheiros.

Como transpor barreiras

No decorrer de suas vidas como atletas, David Jackson e Jimmy já tiveram momentos de brilho mais ou menos intenso, jogadas que protagonizaram e tiraram o fôlego dos torcedores e situações das mais variadas para seguir em frente ou ter que contornar com alguma solução. “Durante a minha carreira, eu passei por muitas fases, a primeira fase era de simplificar e fazer a cesta, a outra fase era de criação para outros e, agora, tem um mix dos dois. De qualquer forma, eu tento ajudar meu time a ganhar”, enalteceu o norte-americano. “Neste ano, o Galvani tem me usado muito para os arremessos de longa distância. Ele gosta muito que eu faça essa bola, o time se prepara para isso, e eu tenho carta branca para fazer isso em alguns momentos do jogo. Nessa temporada, temos treinado muitos arremessos em situações de jogo. Depois do treino regular, eu faço uma sequência porque gosto, na questão mental, peço para alguém me ajudar”, apontou o brasileiro. David Jackson ainda explana que não tem outra fórmula para superar adversidades. “Eu só conheço o hard work (trabalho duro), não tem outro jeito. É por causa disso, na minha idade, que continuo jogando firme e forte”.

Números que se tornam consequência

Casos como David Jackson e Jimmy se tornam exemplos para os mais jovens e não há nada melhor para argumentar do que números que apresentam ao longo de suas carreiras. Só para citar mais um, o ala do Sesi Franca é o sexto maior pontuador de todo o NBB CAIXA, começando às quartas de final com 6305. Já o ala do Pinheiros tem 4104 e está a 40 pontos de passar Duda Machado e entrar no Top-40 de todos os tempos. O quanto isso é importante?

Jimmy foi muito importante no embate diante da Unifacisa. Foto: Carol Coelho/ECP

“Nunca pensei nisso, só jogo para o meu time ganhar. Não sei, não fico pensando muito nos números. Se o número chegar, tudo bem, mas no dia a dia não fico pensando muito nisso não. Eu espero que eles me vejam como um exemplo, no jeito que eu treino, no jeito que eu jogo, o jeito que eu ajo profissionalmente em todos os aspectos. Porque isso é um trabalho, na verdade. Se o time não tem confiança em você dentro e fora da quadra, as coisas não vão funcionar”, respondeu David Jackson.

“Um dos números que quero manter sempre é de sempre estar dentro dos jogos. Ter lesões é algo que, na nossa profissão, sempre corremos esse risco. Temos que nos cuidar e conhecer nosso corpo, que é a nossa ferramenta de trabalho. Não quero perder um treino ou jogo sequer, e é isso que quero passar para os garotos”, apontou Jimmy.

Dá para ver que a contribuição de David Jackson para o Sesi Franca vai muito além de ser o 5º cestinha do time (11,46 pontos), 6º em rebotes (3,49), segundo em assistências (3,14) e terceiro em eficiência (14,14). Da mesma forma que Jimmy no Pinheiros, sendo o 5º em pontuação (8,08 pontos), 6º em rebotes (3,92), 5º em assistências (1,23) e 7º em eficiência (8,79). É um valor intangível, mas que os torna referências para quem pensa em ser o futuro do basquete e que pode ser valioso no caminho para as semifinais.

O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete com patrocínio máster da Caixa Econômica e Governo Federal, parceria do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC) e patrocínios oficiais Penalty, Universidades Cruzeiro do Sul, UMP, Whirlpool e apoio oficial Infraero, IMG Arena, Genius Sports, EY e NBA.