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Mundial de Clubes

"Vai seruma guerra"

16-02-2019 | 08:25
Por Liga Nacional de Basquete

Flamengo joga pelo bi da Copa Intercontinental neste domingo, contra AEK Atenas: “acreditamos uns nos outros”

Flamengo jogará pelo bicampeonato da Copa Intercontinental contra o atual campeão da Champions League da Europa (Staff Images/Flamengo)

Prepare a garganta, a voz e o coração, torcedor: domingo é dia de decisão de mundial. Na Arena Carioca 1, o Flamengo terá a chance de ser bicampeão da Copa Intercontinental da FIBA na decisão do torneio contra o AEK Atenas (GRE), às 18 horas, com transmissão ao vivo pelo Facebook do NBB.

+Veja como foi Flamengo 90 x 58 Austin Spurs

“Tudo pode acontecer. É um jogo, e vamos para cima deles. Sabemos do nosso potencial, respeitamos a equipe deles, sabemos que são caras renomados, que possuem títulos, mas a gente também. Sabemos do nosso potencial”, disse o pivô Anderson Varejão, do Flamengo.

“O mais importante é ter tranquilidade. Vai ser um jogo nervoso, teremos ansiedade. Mas vamos contar com a Nação. Tem tudo para ser um grande jogo e queremos conquistar o bi. Tem que deixar acontecer. Vamos ver como os caras jogam e nos preparar da melhor maneira possível”, concluiu Varejão.

Olho no AEK

O adversário do Flamengo na decisão da Intercontinental será o AEK Atenas (GRE), atual campeão da Champions League da Europa (BCL).

A equipe venceu com propriedade o duelo semifinal contra o poderoso San Lorenzo (ARG), atual campeão da Liga das Américas, pelo placar de 86 a 64.


Os destaques ficaram por conta do ala/pivô norte-americano Delroy James, autor de 15 pontos e oito rebotes, e do ala/pivô grego Dusan Sakota, que deixou a quadra com 15 pontos e cinco sobras.


Além da dupla de garrafão, o AEK Atenas possui outros nomes a serem observados e que merecem toda bastante atenção. Vamos listas alguns nomes:

Os norte-americanos Jordan Theodore, armador que já foi MVP da Champions League (2017), e Vince Hunter, ala/pivô de 24 anos e destaque da equipe na temporada, com média de 18,7 pontos e 7,7 rebotes por jogo, e o renomado ala lituano Jonas Maciulis, campeão da Intercontinental em 2015 pelo Real Madrid.

“Não será uma tarefa fácil. Eles têm uma profundidade grande. É um time totalmente diferente do que enfrentamos. Uma estrutura tática diferente. Vamos estudar bastante os jogadores deles. Os americanos deles jogam bem diferente do que vimos hoje. É mais o estilo europeu, sem forçar, trocando passe, mais pausado. Já estudamos bastante todos os times e a partir de agora vamos passar tudo aos atletas”, disse o técnico do Flamengo, Gustavo De Conti.

Moral na semi

O Flamengo chegará para o duelo contra o AEK com a moral lá em cima. A equipe venceu com sobras a semifinal contra o Austin Spurs, atual campeão da NBA G-League (liga de desenvolvimento da NBA), por sonoros 90 a 58, e avançou à decisão.

O armador argentino Franco Balbi debulhou no primeiro tempo e marcou todos os seus 19 pontos antes do intervalo (5/8 nas bolas de 3 pontos). Além disso, deu seis assistências e totalizou 22 de eficiência.


Já o ala Marquinhos cresceu na segunda metade do duelo e totalizou 17 pontos, sendo nove deles registrados só no terceiro quarto (3/3 nas bolas de 3 pontos). Com 14 pontos, o ala/armador Deryk Ramos saiu do banco e foi fundamental para os rubro-negros.

Apesar da ótima atuação ofensiva, o técnico Gustavo De Conti preferiu enaltecer a parte defensiva, que foi impecável diante do atual campeão da NBA G-League.

“Conseguimos tornar o jogo mais fácil. Tínhamos muitas informações táticas sobre eles. O Spurs tinha desfalques e sabíamos que o forte deles não seria a parte técnica. Os jogadores fizeram um trabalho brilhante e conseguimos, num jogo internacional contra americanos, tomar menos de 60 pontos. Mérito total dos jogadores”, analisou o técnico Gustavo De Conti.

Atuação dominante

O domínio rubro-negro contra o Austin Spurs se deu depois dos dois minutos iniciais, em que o time norte-americano abriu a partida com uma corrida de 11 a 2 e forçou Gustavo De Conti a parar o jogo. Em seguida, só deu Flamengo.

“Por mais que a gente tenha experiência e nos preparemos bem pro início, a gente sempre sente um frio na barriga, uma ansiedade antes de um jogo tão importante. E acho que aconteceu isso. Estávamos um pouco ansiosos e nos quatro ou cinco primeiros ataques estávamos fora de posição. E ali, quando pedi o primeiro tempo, tentei dar uma acalmada. Os jogadores tiveram a oportunidade de conversar também, se acalmarem e jogarem o que estava combinado”, contou Gustavo De Conti.


Sob comando do maestro Balbi, que fez dez pontos seguidos no primeiro quarto e matou mais três bolas de 3 pontos no segundo, o clube da Gávea não só virou a partida como ainda foi para o intervalo com 15 pontos de frente (44 a 29).

Depois, na volta dos vestiários, o ritmo rubro-negro seguiu lá em cima e a vantagem só aumentou. Com Marquinhos inspirado nas bolas de 3 pontos (3/3), o time da casa abriu 29 pontos ainda no terceiro quarto e ultrapassou a casa dos 30 pontos no período final.

“Fizemos um trabalho defensivo muito bom. Sabíamos que o jogo deles não seria dos melhores, mas o mais importante foi o foco que a equipe entrou no jogo. No início do jogo, eles mostraram que vieram para ganhar, mas nossa resposta foi muito boa. Seguramos o momento deles, jogamos duro e as bolas começaram a cair. Assim, conseguimos abrir a diferença e manter até o final”, analisou o pivô Anderson Varejão.

Momento incrível

O Flamengo chega para a decisão da Intercontinental em um momento incrível.

Falando sobre a temporada, são dois títulos em três competições disputadas – Campeonato Carioca e Copa Super 8. O único tropeço foi na Liga Sul-Americana, em que acabou eliminado na segunda fase, em casa.

2 títulos em 3 competições: Flamengo faz excepcional temporada e buscará seu 3º troféu (João Pires/LNB)

Já na atual edição do NBB CAIXA, a campanha também é digna de aplausos: terceiro lugar, com 16 vitórias e apenas quatro derrotas – somente a um triunfo atrás dos dois primeiros colocados EC Pinheiros (1º) e Sesi Franca (2º).

Além disso, são nove vitórias nos últimos dez jogos – oito no NBB CAIXA e uma sobre o Austin Spurs.

Os números no NBB CAIXA não mentem: o Flamengo é dono da melhor defesa (71,7 pontos sofridos por jogo) e do quarto melhor ataque da competição (82,9 pontos por jogo). E qual é o segredo, De Conti?

“Começamos a temporada com um estilo de jogo e fomos nos adaptando. Hoje, o Balbi foi um destaque na pontuação e tem sido assim nos últimos jogos. Lembro de jogo que o Anderson fez 24 pontos, Marquinhos fez 30… Temos uma estrutura em que não dependemos de um jogador só. Se não tivermos um jogador numa noite boa, outro terá que aparecer. Nosso forte é esse. E é uma equipe sem vaidade. Se a noite é do Anderson, a bola vai nele. Se é do Marquinhos, vai nele. Todo mundo faz sua parte para conseguir os títulos”, analisou o comandante rubro-negro.

13 finais, 13 títulos

O Flamengo entrará em quadra neste domingo carregando outra escrita importante: seis anos sem perder finais de campeonato. Isso mesmo.

Com a conquista da Copa Super 8 em dezembro de 2018, o Flamengo consolidou seus 100% de aproveitamento em finais nos últimos seis anos e acumulou 13 títulos em 13 decisões disputadas (6 Cariocas, 4 NBB’s, uma Liga das Américas, um Mundial e a Copa Super 8).

Flamengo é o único brasileiro campeão da Copa Intercontinental na “nova era” do torneio e o segundo em toda a história (Gaspar Nóbrega/Inovafoto)

O Flamengo ainda é o único brasileiro campeão da Copa Intercontinental em sua “era moderna” – a partir de 2013. Outros dois times do NBB CAIXA tentaram, mas acabaram como vice-campeões (Pinheiros em 2013 e Bauru em 2015).

+11 estrelas do basquete mundial que jogaram a “era moderna” da Copa Intercontinental

Considerando toda a história do torneio mundial, que teve sua primeira edição realizada em 1966, somente o EC Sírio (SP) de Oscar Schmidt, Marcel de Souza e Cia. conquistou o título, em 1979, no Ginásio do Ibirapuera.

E aí, será que o Flamengo se isolará como único bicampeão mundial?

E a ansiedade?

O frio na barriga é inevitável em vésperas de momentos importantes como é a final da Intercontinental. Isso vale até mesmo para os mais experientes, como Anderson Varejão, de 35 anos.

Varejão não escondeu o frio na barriga, mas garantiu Flamengo preparado para decisão (Staff Images/Flamengo)

Autor de nove pontos e seis rebotes contra o Austin Spurs, o pivô dono de um anel de campeão da NBA admitiu aquele frio na barriga, mas afirmou que ele e o time estão preparados.

“O frio na barriga sempre vai ter. No dia que não tiver mais, eu paro. Perde a graça. Mas a melhor resposta para isso é que a gente está preparado. Quando você está preparado, não importa o que vai acontecer. Pode ter nervosismo e ansiedade, mas aí entra a experiência. Você começa a preparar as coisas e a se tranquilizar desta maneira. Eu me preparo muito, me dedico, sei do meu potencial e da equipe. Acreditamos um no outro. Vai ser uma guerra domingo e estamos preparados para a guerra”, falou Varejão.

O técnico Gustavo De Conti endossou as palavras de seu pivô titular: “O Anderson falou tudo. O principal é a confiança. E com os treinos, vamos pegando mais confiança. Dá ansiedade, mas vamos passar por cima”.

“Vão lotar a Arena”

Quem aí se lembra da final da Copa Intercontinental 2014, na Jeunesse Arena, entre Flamengo e Maccabi Tel-Aviv?

Em momento épico, o clube carioca faturou o título mundial em cima dos então campeões da Euroleague e levou mais de 15 mil torcedores à loucura no ginásio. Teve até invasão!

Quadra da Jeunesse Arena foi tomada por torcedores ao final da histórica da partida do título mundial em 2014 (Gaspar Nóbrega/FIBA Américas)

E agora, será que a atmosfera será a mesma na Arena Carioca 1? Anderson Varejão está confiante em ver as arquibancadas lotada neste domingo (17/02), às 18 horas. Vamos nessa, torcedor?

“Acho que, mais do que ninguém, os torcedores sabem como foi esse dia (Intercontinental 2014). Foi muito especial para todos e para a Nação. O que eles sentiram aqui com certeza foi marcante. Não preciso pedir para virem. Vão lotar a Arena, tenho certeza”, finalizou Varejão.