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Rio 2016 / Seleção Brasileira

Viagem no tempo

05-08-2016 | 05:17
Por Liga Nacional de Basquete

Três medalhas de bronze, 8 vezes entre os 5 melhores e muita história: Brasil carrega bom retrospecto Jogos Olímpicos e chega ao Rio 2016 com bela tradição na camisa

Seleção Brasileira que disputou os Jogos Olímpicos de Londres, em 1948.

Seleção Brasileira que disputou os Jogos Olímpicos de Londres em 1948 e conquistou a primeira medalha (Divulgação)

O Brasil tem muita história no basquete. E quanta história. Quando o assunto é Olimpíada, trata-se de uma tradição de 68 anos, que teve início em em Berlin, 1936, e foi até 2012, ano da última edição dos Jogos, em Londres. Neste período, foram 14 participações, oito classificações entre os cinco melhores e três medalhas, todas de bronze (1948, 1960 e 1964). Por isso, o site da LNB preparou um resumo sobre cada época da Seleção Brasileira nos Jogos Olímpicos e das fases que a modalidade da bola laranja viveu no país.

1936 – O início

No primeiro torneio de basquete da história dos Jogos Olímpicos, em 1936, quando o basquete foi incrivelmente disputado em um campo, com grama e tudo, a Seleção Brasileira não teve boa participação e ficou na última colocação (9º), com campanha de duas vitórias e três derrotas. Depois disso, teve início uma fase dourada do basquete nacional.

1948 – A primeira medalha

Em 1948, no México, veio a primeira medalha. Desta vez dentro de quadra e com a participação de 23 seleções, o Brasil venceu sete das oito partidas que disputou, terminou na terceira colocação e conquistou sua primeira medalha na história, um honroso bronze, liderado por Algodão, Alfredo da Motta e Nilton Pacheco e comandado por Moacyr Daiuto – Veja mais detalhes na série #BrasilÉHistória.

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Geração de Amaury e Wlamir conquistou duas medalhas olímpicas e foi bicampeã mundial (Divulgação)

1960 – Bronze de novo

Depois duas edições ficando em sexto (1952 e 1956), a Seleção voltou a subir no pódio e colocar uma medalha no peito em 1960, em Roma. Com Amaury Pasos, Wlamir Marques e sob o comando do lendário técnico Togo Renan Soares, o “Kanela”, o esquadrão verde-amarelo terminou a competição em terceiro e deu ao basquete brasileiro sua segunda medalha olímpica – outro bronze – Veja mais detalhes na série #BrasilÉHistória.

1964 – Feito repetido

Essa geração de Kanela, Amaury e Wlamir, junto de Rosa Branca, Ubiratan, Mosquito e Cia, também alcançou o incrível feito de se sagrar bicampeã mundial (1959 e 1963). Em 1964, esta equipe voltou a faturar uma medalha olímpica na edição seguinte dos Jogos, em Tóquio. Esta fase foi histórica para o basquete brasileiro, a mais vitoriosa de todos os tempos, e foi chamada de “Anos Dourados” – Veja mais detalhes na série #BrasilÉHistória.

1968 – Fim da “Era Kanela”

Na Olimpíada seguinte, em 1968, na Cidade do México, a Seleção contou com um desfalque crucial – Amaury Pasos, que deu seu último passo como jogador no Mundial do ano anterior (1967), no qual o Brasil ficou com a medalha de bronze. Sem um de seus principais jogadores, a equipe verde-amarela ficou na quarta posição, sem medalha, e a Era de Togo Renan Soares, o “Kanela”, chegou ao fim. – Veja mais detalhes na série #BrasilÉHistória.

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“Anos Dourados” foram marcados pelas conquistas do técnico Togo Renan Soares, o “Kanela”, sob o comando da Seleção Brasileira (Divulgação)

1972 – Nova fase

Depois do fim da Era Kanela, sem Amaury e Wlamir, o Brasil passou por uma reformulação, impulsionada pelo surgimento de novos craques, como Marquinhos Abdalla, Radvilas, Adilson e Dodi. Contando também com os já “experientes” Hélio Rubens, Menon, Edvar Simões, Ubiratan e Rosa Branca, a Seleção sofreu com os tropeços e terminou os Jogos Olímpicos de 1972, em Munique, na sétima colocação.

1976 – Tropeço

Já em 1976, o Brasil ficou de fora da Olimpíada pela primeira vez na história. Ao não se classificar na eliminatória das Américas, o time verde-amarelo foi ao Pré-Olímpico Mundial e, mesmo após bater Israel, Islândia, Tchecoslováquia e Finlândia, perdeu para México e Espanha na fase final do torneio e não obteve a combinação de resultados que o colocaria nos Jogos e ficou de fora da edição de Montreal.

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Oscar Schmidt disputou 5 Olimpíadas e foi cestinha de 3 edições (Divulgação)

1980 – Nova safra

Mas as coisas mudaram em 1980.  Sob o comando do lendário Ary Vidal, a Seleção voltou às cabeças ao contar com uma safra de verdadeiros craques, como Cadum, Marcelo Vido, Marcel e Oscar Schmidt. Em Moscou, a Seleção chegou até a fase semifinal, venceu Cuba e Itália, mas perdeu para Espanha e a campeã Iugoslávia, este de maneira dramática, e terminou em quinto – Veja mais detalhes na série #BrasilÉHistória.

Oscar Schmidt, por sua vez, foi o quinto cestinha desta edição dos Jogos, com média de 24,1 pontos por jogo – o primeiro foi Ian Davis (AUS), com 29,3 de média. Na Olimpíada de 1984, quando o Brasil não passou da primeira fase e ficou na nona colocação, o “Mão Santa” repetiu a média de 24,1 e ficou na terceira posição do ranking. Já nas três edições seguintes (1988, 1992, 1996), terminou como cestinha com as seguintes médias: 42,3 ppj, 24,8 ppj e 27,4 ppj.

1988 – Por pouco

Dissecando as respectivas edições, começaremos por 1988, em Seul, Coréia do Sul. Depois de conquistar o histórico e épico Pan de 1987 em Indianápolis, a Seleção Brasileira chegou com moral nos Jogos Olímpicos de 88. Na primeira fase, a Seleção classificou-se na terceira colocação de seu grupo. Dos cinco jogos que fez, a equipe registrou mais de 100 pontos em quatro jogos, o que mostrava a potência do ataque verde-amarelo.

Já nas quartas de final, a adversária foi ninguém menos que a União Soviética, campeã daquela edição. A derrota suada para o time da lenda Arvydas Sabonis nas quartas, 110 a 105, jogou o Brasil para a disputa de 5º ao 8º lugar. Na disputa, venceu Porto Rico na “semifinal” (104 a 86) e Canadá na “final” (106 a 90) e ficou com o quinto lugar dos Jogos Olímpicos de Seul 1988.

1992 – De novo em 5º

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Seleção Brasileira foi derrotada pelo Dream Team dos EUA em 1992 (Divulgação)

Em seguida, na Olimpíada de 1992, em Barcelona, o Brasil terminou a fase de grupos da terceira colocação da chave A, com derrotas apenas para o épico “Dream Team” dos Estados Unidos, de Jordan, Magic Johnson e Cia, e para a Croácia, de Drazen Petrovic, Tony Kukoc e Dino Raja. Os dois foram finalistas desta edição.

Assim como na edição anterior, a Seleção caiu nas quartas de final para a agora Lituânia, novamente de Arvydas Sabonis, com derrota, por 114 a 96. Outro resultado idêntico a 1988, o Brasil venceu Porto Rico na “semi” da disputa de 5º a 8º e repetiu o quinto lugar na Olimpíada ao ganhar da Austrália na “decisão”, pelo placar de 90 a 80.

1996 – Fim de uma Era

ATLANTA - JULY 20: Oscar Schmidt #14 of Brazil shoots a jump shot against Puerto Rico during the 1996 Summer Olympic Games on July 20, 1996 in Atlanta, Georgia. Brazil defeated Puerto Rico 101-98. (Photo by Doug Pensinger/Getty Images)

Olimpíada de 1996 foi a última de Oscar Schmidt com a Seleção Brasileira, que depois disso ficou 16 anos sem ir aos Jogos (Divulgação)

A partir dessa época o basquete brasileiro já passava por um processo de decadência, com diversos clubes fechando suas portas e uma “crise” sendo instalada. Na Olimpíada de 1996, em Atlanta, a Seleção tinha Oscar Schmidt em sua última aparição, Demétrius Ferracciú, Rogério Klafhke, Josuel, Pipoka, Ratto, e outros. Na primeira fase, o Brasil venceu dois jogos, contra Coreia do Sul e Porto Rico, e conseguiu a classificação suada na quarta colocação.

No entanto, a eliminação nas quartas de final foi não foi evitada pela terceira edição consecutiva das Olimpíadas para os brasileiros. Diante dos Estados Unidos, a Seleção foi derrotada (98 a 75) e deu adeus à sua última participação nos Jogos das próximas duas décadas na sexta colocação. +Veja mais detalhes desta edição dos Jogos na série #BrasilÉHistória

É certo que o responsável por despachar o Brasil em 96 não era “aquele” Dream Team de 92, mas o time norte-americano formado por Charles Barkley, Scottie Pippen, Penny Hardaway, Reggie Miller, John Stockton, Karl Malone, Hakeem Olajuwon, Shaquille O’Neal, David Robinson, Grant Hill, Mich Richmond e Gary Payton também foi imbatível e ficou com o ouro.

Meados dos anos 2000 – A crise

Depois do fim da trajetória nos Jogos de 1996, o basquete brasileiro passou por um período de crise no final da década de 90 e meados dos anos 2000. Durante este período, a Seleção amargou maus desempenhos nos Mundiais de 1998, 2002 e 2006 (10º, 8º e 17º lugares, respectivamente), além de nenhuma classificação às Olimpíadas. Entre outros acontecimentos, a modalidade da bola laranja ficou com uma imagem bastante negativa.

2008 – A volta por cima

Visando melhorar a imagem do basquete e colocá-lo no lugar que ele merece, os clubes se uniram e, em 2008, fundaram a Liga Nacional de Basquete (LNB), responsável pela criação do principal campeonato nacional do país na modalidade, o Novo Basquete Brasil (NBB), que depois de oito temporadas trouxe diversos ganhos ao esporte da bola laranja em solo brasileiro, dentre eles a volta do Brasil às Olimpíadas.

Divulgação

Com Magnano, Brasil voltou às Olimpíadas com classificação emocionante no Pré-Olímpico de 2011 (Divulgação)

2011 – O retorno

Sob o comando do argentino Rubén Magnano e com sete atletas que atuavam no NBB CAIXA, a Seleção Brasileira se agigantou em solo argentino em 2011, ficou com o vice-campeonato do Pré-Olímpico de Mar Del Plata e conquistou a tão sonhada vaga nos Jogos Londres 2012, o que colocou fim ao incômodo jejum de 16 sem ir a uma Olimpíada, mais um reflexo da nova fase que a modalidade da bola laranja vive nos tempos atuais.

2012 – Belo papel

Em Londres 2012, o Brasil entrou com força máxima e colocou em quadra nada menos que seis atletas do NBB CAIXA (Alex, Marquinhos, Marcelinho, Guilherme Giovannoni, Larry Taylor e Caio Torres). Na primeira fase, ganhou da Austrália (75 a 71), Grã-Bretanha (67 a 62), China (98 a 52) e Espanha (88 a 82), e sofreu uma fatídica derrota para a Rússia, no último segundo, por 75 a 74. Desta forma, a Seleção ficou na segunda posição do Grupo B e foi às quartas de final.

O adversário era ninguém menos que a Argentina, que conseguiu uma classificação na terceira colocação do Grupo A, com derrotas para Estados Unidos e França, e vitórias sobre Lituânia, Nigéria e Tunísia. Na partida, o Brasil não conseguiu parar Scola, Ginobili, Delfino e Cia. e caiu para seu maior rival, pelo placar de 81 a 77, e foi eliminado dos Jogos Londres 2012. Como teve a melhor campanha entre os eliminados nas quartas, a equipe de Magnano terminou os Jogos em quinto.

Após superar a ansiedade da estreia, a equipe comemorou o início com vitória (Gaspar Nobrega/inovafoto)

Em sua volta aos Jogos, Seleção Brasileira terminou a Olimpíada de Londres 2012 no 5º lugar (Gaspar Nobrega/inovafoto)

2016 – Nova chance

Agora, no Rio 2016, a Seleção terá a oportunidade de voltar a sorrir nos Jogos Olímpicos e tentará passar das quartas de final para brigar por medalhas, algo que nunca aconteceu desde que o sistema de playoffs foi implantado na Olimpíada, em 1984. Os incumbidos desta missão são os armadores Marcelinho Huertas, Raulzinho Neto, Rafa Luz, os alas Leandrinho Barbosa, Marquinhos, Alex Garcia e Benite, e os pivôs Nenê, Hettsheimeir, Augusto Lima, Guilherme Giovannoni e Cristiano Felício.

Confira as colocações da Seleção Brasileira em todas os Jogos Olímpicos na história:

1936 – Berlim (Alemanha) – 9º

1948 – Londres (Inglaterra) – 3º (Bronze)

1952 – Helsinki (Finlândia) – 6º

1956 – Melbourne (Austrália) – 6º

1960 – Roma (Itália) – 3º (Bronze)

1964 – Tóquio (Japão) – 3º (Bronze)

1968 – Cidade do México (México) – 4º

1972 – Munique (Alemanha) – 7º

1976 – Montreal (Canadá) – não se classificou

1980 – Moscou (União Soviética) – 5º

1984 – Los Angeles (Estados Unidos) – 9º

1988 – Seul (Coréia do Sul) – 5º

1992 – Barcelona (Espanha) – 5º

1996 – Atlanta (Estados Unidos) – 6º

2000 – Sidney (Austrália) – não se classificou

2004 – Atenas (Grécia) – não se classificou

2008 – Pequim (China) – não se classificou

2012 – Londres (Inglaterra) – 5º

Seleção Brasileira Jogos Olímpicos Rio 2016 Equipe

Seleção Brasileira que disputará os Jogos Olímpicos Rio 2016 (Divulgação/FIBA)