HOJE
#OffseasonHelinho
Por Liga Nacional de Basquete
Após 1ª temporada como técnico, Helinho Garcia cita pai como mestre, avalia fracasso de Rogério Ceni e projeta Franca campeão do NBB CAIXA nos próximos anos
A sexta edição do quadro #Offseason deu a palavra a um homem experiente e vencedor como jogador, mas que vem dando seus primeiros passos como treinador. Ídolo do basquete francano, Helinho Garcia teve pela primeira vez a vivência de ser um técnico, coisa que seu pai, o lendário Hélio Rubens Garcia, fez com tanta maestria durante longos anos.
À frente do Sesi Franca Basquete, Helinho e sua equipe alcançaram a melhor campanha do clube nas últimas cinco fases de classificação do NBB CAIXA ao fechá-la na terceira colocação. Depois, nas quartas de final, acabou eliminado pelo vice-campeão Paulistano/Corpore, por 3 a 2, e terminou o campeonato em sétimo.
No entanto, o tropeço dentro de quadra foi ofuscado pelo brilho que a equipe de Helinho Garcia mostrou ao longo de todo o campeonato. Isso reacendeu a paixão do povo francano pelo basquete e deixou o Ginásio Pedrocão lotado em diversas oportunidades – coisa que não acontecia há um bom tempo.
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Natural de Franca (SP), Helinho Garcia marcou época como armador em sua cidade natal e conquistou nada menos que três títulos nacionais (1997, 1998 e 1999) e um Estadual (2006). Além disso, também foi campeão brasileiro pelo Vasco da Gama e Uberlândia. A maioria das conquistas foram alcançadas ao lado de seu pai, Hélio Rubens, que o seguiu durante grande parte de sua carreira.
O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), em parceria com a NBA, e conta com o patrocínio master da CAIXA, os patrocínios da SKY, Nike e Avianca e o apoio do Ministério do Esporte.
Confira a entrevista exclusiva com Helinho Garcia para o quadro #Offseason:
LNB: No português mais direto possível: o que achou de sua primeira temporada como técnico de basquete?
Helinho: Fiquei muito feliz com o trabalho que fiz. Ao mesmo tempo, fui abençoado por pegar um grupo que entendeu o que foi passado, comprometido, no qual vivi coisas que vou guardar para o resto da minha vida. Foi uma temporada vitoriosa, em que trouxemos a paixão dos francanos de volta. Eles lotaram o Pedrocão, voltaram a acompanhar, a curtir o dia a dia da equipe. Isso tudo gerou uma expectativa muito grande para a próxima temporada e me deixou muito contente.
LNB: Prefere a vida de jogador ou de técnico?
Helinho: Brinco com meu pai que agora é que descobri o quão bom era ser jogador (risos)… Mas mesmo assim estou amando ser técnico. É uma função muito mais complexa. Fui criado ao lado de um grande treinador. Estou estudando bastante e buscando evoluir a cada dia. Está sendo um aprendizado constante e estou gostando bastante.
LNB: E falando nele, onde entrou o papel do seu pai, o mestre Hélio Rubens, nessa transição sua de jogador para técnico?
Helinho: Meu pai sempre foi muito importante na minha vida como um todo. Sempre me deu liberdade de executar as coisas e sempre me instruiu ao que seria mais viável e poderia dar mais certo. Ele também tem curtido bastante essa nova fase, tem ido nos treinos, nos jogos, procura sempre estar vendo o que eu faço, sempre troca uma ideia comigo. Mais do que nunca ele está ao meu lado, me dando força e ao mesmo tempo como um mestre mesmo. Qualquer dúvida que eu tenho, ele está lá para me responder e eu confio muito nele.
LNB: É claro que são esportes diferentes, mas recentemente vimos o ex-goleiro Rogério Ceni sendo demitido no São Paulo FC por não ter sucesso em uma experiência parecida com a sua – um ídolo do clube iniciando a carreira como técnico. Consegue comparar as situações?
Helinho: O Rogério Ceni teve uma carreira e um vínculo muito legal com o clube, e não foi à toa. É um grande cara. Ele pegou um trabalho em um momento que o futebol tem coisas muito difíceis de tocar. É um outro esporte, acabou não dando certo. Mas acho que ele tem um futuro promissor como técnico, pelo que a figura dele representa, pelo que ele foi, acredito que ele conseguirá colocar o espírito vencedor dele e o que ele aprendeu como jogador em prática. Fazendo uma alusão à minha situação, procurei, sabendo que o elenco era enxuto, colocar uma forma de trabalho em que o torcedor ficasse com vontade de assistir nosso jogo de novo. E os jogadores abraçaram. Quando todos abraçam, a chance de ter sucesso é grande. Acredito que a próxima temporada será muito boa.
LNB: Com você como técnico, Franca teve a melhor campanha dos últimos 5 anos na fase de classificação do NBB CAIXA. Apesar da eliminação nas quartas, foi uma campanha histórica. Como você fez para levar seu elenco jovem a esse desempenho?
Helinho: É um elenco que sabia o que queria, sabia o que estava fazendo. A equipe trabalhou intensamente todos os dias, e sentia muito as derrotas. No entanto, sempre tentamos digerir as vitórias e as derrotas focando no próximo jogo. Tivemos uma força e uma união muito grande. Isso fez com que os resultados alcançados fossem muito bons.
LNB: Em seu primeiro ano como técnico, você ficou em terceiro na fase de classificação, mas acabou eliminado para o Paulistano em casa no Jogo 5. Qual a lição que fica depois da eliminação com o mando de quadra? Flamengo, Mogi e Brasília também caíram em casa…
Helinho: A lição que fica é que cada vez mais o equilíbrio será maior. Temos que pensar em um jogo de cada vez, sabendo que o crescimento da equipe pode nos trazer os melhores resultados se tivermos serenidade e pé no chão. Aprendemos muito com a eliminação para o Paulistano. Serviu de exemplo para crescermos como seres humanos e como profissionais. Sabemos que podemos atingir nossos objetivos na próxima temporada.
LNB: Como era sua relação com a dupla de armadores Coelho e Alexey? Dois jovens, intensos e determinados e se destacaram na temporada passada. A conversa com eles era diferente?
Helinho: Quando fechamos com eles, os dois acharam legal trabalhar com dois armadores. Foi muito bacana compartilhar o dia a dia com eles durante essa temporada. Sempre passando dicas, trocando ideia, assistindo vídeos dos jogos, fazendo treinamentos específicos para a posição. Foi um crescimento que me deixou muito feliz. Isso nos dá ainda mais confiança para continuar o trabalho com esses dois armadores que cresceram demais.
LNB: Depois de uma temporada de experiência, como você projeta a próxima temporada? Estará mais experiente?
Helinho: Estarei com uma experiência que com certeza me dará mais confiança. Procuramos manter a essência da equipe, não vamos abrir mão de lançar jovens, ao mesmo tempo vamos elevar o nível do elenco trazendo peças de qualidades. Acredito que, em um futuro próximo, período de um e três anos, se continuarmos dando tempo de quadra para jovens e melhorando o nível técnico da equipe, podemos trazer um título do NBB.
LNB: Nesse novo elenco do Franca por enquanto não tem nenhum pivô 5 de origem. Sabemos que você passou um tempo no Golden State Warriors, que é um time que usa muito do famoso “small ball” (formação mais leve, sem pivô fixo). Você se inspirou nessa formação?
Helinho: Acredito que cada vez mais os jogadores de basquete terão que executar mais de uma posição em quadra. Hoje em dia está mais difícil para os pivôs pesados, pois o jogo está cada vez mais dinâmico. Procuro me inspirar para deixar o time mais versátil dentro de quadra, com jogadores fazendo mais de uma função. Isso ajuda muito a equipe, pois deixa o time mais versátil.
LNB: Agora falando do aspecto ‘fora da quadra’, o que você costuma fazer nas horas vagas durante uma temporada? E olha que são poucas essas horas vagas…
Helinho: Procuro ficar com a família o maior tempo possível, curtir determinados momentos com amigos, recebendo em casa, fazendo churrasco, ou na casa de amigos. Também procuro ter meu entretenimento, indo ao cinema, teatro, levar família para passear, até porque não são muitos os momentos livres, por isso temos que valorizar. Fora esses momentos, tento estudar bastante, pesquiso coisas na internet, sempre buscando conhecimento.
LNB: Nesse período de offseason, quais são suas principais atividades?
Helinho: Viajei com a família, depois passei uma semana com o Fernando Penna (assistente técnico e ex-jogador) na Argentina com a equipe do San Lorenzo, e então passeei com a família para dar uma energizada. Minha viagem à Argentina foi muito legal, pois eu e o Penna compartilhamos tudo aquilo que vivemos no nosso primeiro ano como treinadores. Eles também trocaram experiências com a gente, o Julio Lamas contou o que passou nos primeiros anos como treinador. Acompanhamos aos treinamentos, vimos a forma que eles trabalham os movimentos, as defesas… Foi uma boa troca de experiências com uma das melhores equipes da Argentina.