HOJE
Análise: 5 fatoresdecisivos na série
Por Felipe Gomes* e Rodrigo Bussula*
Mudanças de estratégia, elementos surpresa e mais: analisamos os fatores que têm feito a diferença nas Finais entre Franca e Flamengo
A maior Final da história do NBB CAIXA está com tudo. Depois de três jogos e muitas alternâncias de estratégias, destrinchamos a série entre Sesi Franca e Flamengo em números totais e analisamos alguns dos fatores que vêm fazendo a diferença até aqui, incluindo a opinião dos dois técnicos: Helinho Garcia (Franca) e Gustavo De Conti (Flamengo).
O Jogo 4 será neste sábado (01/06), no Maracanãzinho, às 14h30, com transmissão ao vivo em quatro plataformas: os canais Band, Fox Sports e ESPN, além do Facebook do NBB CAIXA, este que apresenta programetes pré e pós-jogo das Finais, com oferecimento da Budweiser.
O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), em parceria com a NBA, e conta com os patrocínios oficiais da CAIXA, Budweiser, INFRAERO, Avianca, Nike e Penalty e os apoios de UNISAL, Açúcar Guarani, Ministério do Esporte e Governo Federal.
Fator banco
Tanto Franca quanto Flamengo possuem grandes elencos, com boas opções no banco de reservas. Com isso, as equipes conseguem rodar bastante os jogadores em quadra e mudar o ritmo das partidas.
Quem conseguiu uma maior efetividade nesse aspecto nos três primeiros jogos foi o Franca. Os reservas do time de Helinho Garcia conseguiram pontuar mais que os do Flamengo em todos os jogos, com o placar de 74 x 51 no acumulado das partidas.
O grande destaque desse banco francano vem sendo o armador Alexey, que entrou bem em todas as partidas da série. Com boas médias de 13,6 pontos, 2,6 rebotes, 3,0 assistências e 16,0 de eficiência, o jogador ainda foi eleito pelo público o MVP da Galera duas vezes (Jogos 2 e 3) e se tornou um dos fatores surpresa das Finais.
Além dele, outros jogadores estão contribuindo bem pelo banco do Franca. O jovem ala Didi é responsável por trazer mais energia aos dois lados da quadra, além da média de 5,6 pontos nas Finais; o polivalente André Goes não vem se destacando tanto na pontuação, mas segue cumprindo seu papel tático na equipe, mesmo caso do pivô Cipolini.
“Sem dúvidas em uma grande Final a força do plantel é fundamental para vitórias e momentos ao longo das partidas. Hoje nos temos uma coluna vertebral em que, independente de quem começa jogando, todos são importantes, úteis, e vêm crescendo a cada dia dentro de seu próprio jogo, sempre com muito empenho, para assim fazer essa grande temporada que estamos fazendo”, afirmou Helinho Garcia, treinador do Franca.
No Flamengo, os atletas do banco com melhores médias de pontuação são o ala Jhonatan (4,6 pontos por jogo) e o pivô Rafael Mineiro (4,3 pontos por jogo) – não considerando o ala/armador Deryk Ramos (9,3 pontos por jogo), que iniciou os dois primeiros jogos como titular e veio do banco no Jogo 3.
O quarto decisivo
O segundo quarto tem sido decisivo na série decisiva entre Franca e Flamengo. No Jogo 1, por exemplo, o clube da Gávea venceu o primeiro quarto por 20 a 15 e abriu uma larga vantagem de 16 pontos no segundo período. Essa diferença foi crucial para o time rubro-negro conseguir controlar o jogo no segundo tempo e abrir a série vencendo.
Já no segundo duelo a história não foi diferente. O Franca fechou o período inicial com oito pontos de frente e, assim como fez o Flamengo no jogo anterior, usou o segundo quarto para abrir uma importante margem de 15 pontos (51 a 36). Em seguida, os francanos souberam administrar a vantagem e empataram a série em 1 a 1.
E por fim, no Jogo 3, o segundo quarto teve uma função diferente. Depois de perder o primeiro período por 17 pontos (32 a 15), o Franca iniciou uma incrível reação já na segunda parcial, na qual venceu por 24 a 10. O bom ritmo imprimido antes do intervalo foi mantido na volta do intervalo, e o time da Capital do Basquete conseguiu a virada no segundo tempo.
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Jogo interno do Franca
As séries de playoffs são marcadas pelos ajustes dos treinadores entre os jogos, principalmente as disputadas em melhor de cinco. Nas Finais, então, nem se fala… É exatamente esse o cenário da série entre Franca e Flamengo.
Time que mais converte bolas de 3 na temporada (11,1 por jogo), o Franca inverteu a lógica nas duas últimas partidas e se destacou no forte jogo interno e alto aproveitamento nos arremessos de 2 pontos (53,5% – 61/114).
“Cada jogo tem sua história, e claro que dentro das próprias partidas e também depois delas, as equipes avaliam, mas as variações que vão sendo usadas fazem parte dos conceitos que são elaborados ao longo da temporada. Vamos ajustando dentro de cada jogo e no pós-jogo tudo que temos de repertório para ver o que podemos melhorar ou corrigir”, afirmou o treinador do Franca, Helinho Garcia.
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O desempenho de David Jackson é um reflexo disso. Acostumado em converter arremessos de longa distância, o ala norte-americano tentou apenas quatro chutes de 3 pontos em toda a série – converteu só um. Em compensação, nas bolas de 2, o volume do “DJ” está bem mais alto e com o ótimo aproveitamento: 19 convertidas em 26 tentadas (73%).
Lucas Dias é outro com destaque no jogo interno. Cestinha da série (17,3 pontos), o ala/pivô, que tem o chute de 3 pontos como uma das principais forças de seu jogo, vem se impondo bastante no garrafão, principalmente com um forte de jogo no poste baixo, de costas para a cesta. Nas bolas de 2 pontos, ele contabiliza 10 convertidas em 25 arremessadas (40% de aproveitamento).
Falando em pontos no garrafão, esses números mostram bem o desenvolvimento da série até aqui. No Jogo 1, o Flamengo foi superior nessa estatística (32 a 28) e venceu. Já na segunda partida, o Franca conseguiu equilibrar as ações internas (34 a 34) e empatou a série. Já no Jogo 3, o time francano liderou com uma ampla vantagem (40 a 16) e evidenciou as mudanças de estratégia no decorrer da série.
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Para Gustavo De Conti, o Flamengo terá que defender forte o ataque francano para diminuir o alto aproveitamento, principalmente no jogo interno.
“Defender Franca é sempre um problema grande. Eles possuem jogadores habilidosos e capazes de finalizar com muita versatilidade. Sem dúvida é um desafio muito grande diminuir volume e aproveitamento deles”, disse o comandante rubro-negro.
Pontos de segundo chance
Aproveitando o gancho do jogo de garrafão, um dos fatores decisivos nas Finais até aqui são os pontos de segunda chance. Quem lidera o fundamento é o Flamengo, com 35 pontos de segunda chance contra 13 do Franca.
Esses números passam muito pela força rubro-negro no garrafão, que detém um total de 123 rebotes na série – Franca tem 115 na somatória dos confrontos.
No Flamengo, os pivôs Anderson Varejão, Rafael Mineiro e Nesbitt, além do ala/pivô Olivinha e do ala Marquinhos, são os que contribuem, e muito, com o volume ofensivo do rubro-negro nas bolas de segunda chance. Aliás, o número de rebotes ofensivos do clube da Gávea na série também é maior: 39 contra 25 do Franca.
“Procuramos finalizar os ataques bem posicionados na maioria das vezes. Além disso, a característica e a disposição dos jogadores e opções táticas do adversário em deixar alguns miss-matches são alguns dos motivos que penso que explicam essa pequena vantagem”, disse o treinador rubro-negro Gustavo De Conti.
Já no Franca, isso passa muito pelas mãos do ala/pivô Lucas Dias, que no último jogo, por exemplo, pegou seis rebotes ofensivos. O Jogo 3, inclusive, foi o único em que o time francano conseguiu ser mais eficiente que o Flamengo nos rebotes (44 a 41) e, consequentemente, nos pontos de segunda chance (11 a 9).
Helinho Garcia salientou a importância desse fundamento para o êxito no último confronto da série, especialmente contra uma equipe como o Flamengo.
“Foi importante nossa presença nos rebotes no último jogo. O Flamengo tem uma característica muito forte nesse quesito e é um desafio nosso garantir o rebote de defesa e ainda ter presença no rebote de ataque. Isso faz parte do conceito de um conceito do basquete mundial e estamos muito atentos a esse desafio”, afirmou.
Volume nas bolas de 3 do Flamengo
Segundo time com mais arremessos de 2 pontos convertidos na temporada (20,6 por jogo), o Flamengo tem adotado uma estratégia diferente nas Finais. O rubro-negro carioca está usando e abusando das bolas de 3 pontos, 35 convertidas em 99 tentadas, com média de acerto (11,6 por jogo) superior à do próprio Franca, que lidera esse quesito no campeonato (11,09 por jogo).
O ala/pivô Olivinha é o grande destaque da equipe nos arremessos do perímetro nas Finais, com nove bolas convertidas em 12 tentadas (75% de aproveitamento). Além dele, outros jogadores estão com um alto volume na linha dos 3 pontos, mas com o aproveitamento menor, casos do armador Franco Balbi (7/23), o ala/armador Deryk Ramos (7/24) e o ala Marquinhos (6/18).
“Alguns fatores ajudam a explicar isso, tais como a defesa mais concentrada na área pintada por parte deles (Franca), a rotação defensiva sempre fechando a área e também a maneira que os defensores marcam o atacante com a bola, o que nos dificulta ultrapassá-los”, afirmou o técnico Gustavo De Conti.
Vale lembrar que no último NBB CAIXA, o treinador Gustavo De Conti ficou conhecido pelo estilo “Run and Gun” do campeão Paulistano/Corpore, que liderou as estatísticas dos arremessos de longa distância com sobra: 12,1 acertos por jogo, com aproveitamento de 35,8%.
Na atual temporada, o comandante revelou que até tentou implementar esse estilo de velocidade e volume nas bolas de 3 pontos no Flamengo, mas teve que mudar essa estratégia no meio do caminho, devido a algumas peças importantes da equipe que não estavam rendendo o esperado.
*Sob supervisão de Douglas Carraretto