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21-07-2017 | 03:32
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Kenny Dawkins abre o jogo sobre campanha do Vitória, vida no Brasil e desafio extra por sua estatura: confira mais uma entrevista exclusiva do quadro #Offseason

Logo em sua primeira temporada com a camisa do Vitória, Dawkins foi fundamental para a equipe chegar até as semifinais (João Neto/LNB)

Kenny Dawkins conquistou seu espaço entre as estrelas do NBB CAIXA. Mesmo com apenas 1,78m de altura, o armador norte-americano, do Universo/Vitória, se firmou como um dos principais jogadores da competição desde sua chegada ao país, em 2011. Agora, com contrato renovado com o time baiano, irá para sua sétima temporada no Brasil.

Com médias de 16,5 pontos e 4,5 assistências por jogo, Dawkins foi o grande destaque da grande campanha do clube de Salvador no último NBB CAIXA. Sob o comando do armador norte-americano de 29 anos, o time baiano foi até as semifinais, acabou eliminado pelo Paulistano/Corpore e ficou com o honroso terceiro lugar.

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Nascido na pequena cidade de Holy Springs, localizada no Estado de Mississipi (EUA), Dawkins chegou ao Brasil em 2011 para defender a Liga Sorocabana e logo chamou a atenção. Em 2013, se transferiu para o Paulistano e teve grande papel na campanha que levou a equipe até as Finais da temporada 13/14 do NBB CAIXA.

Depois de três anos no clube da capital paulista, o camisa 14 chegou ao Vitória para o NBB CAIXA 2016/2017 e não demorou a cair nas graças da torcida rubro-negra. Seu grande desempenho foi reconhecido e Dawkins ficou em segundo na eleição do Melhor Armador da temporada, atrás apenas do vencedor Fúlvio, além de ter sido eleito para o Jogo das Estrelas pelo quinto ano seguido.

O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), em parceria com a NBA, e conta com o patrocínio master da CAIXA, os patrocínios da SKY, Nike e Avianca e o apoio do Ministério do Esporte.

Confira a entrevista exclusiva com Dawkins para o quadro #Offseason:

LNB: O que você pode me dizer sobre a série de quartas de final com Mogi? Aquela vitória no Jogo 2 deu mais confiança para vocês?

Dawkins: A série contra o Mogi foi uma série que era muito interessante para a gente. Nós jogamos contra eles duas vezes e eles ganharam essas duas vezes. Só que essa duas vezes nós sabíamos que tínhamos chances de ganhar, mas perdemos o foco no minuto final. Nós entramos na série pensando que tínhamos essa chance, mas a gente sabia que seria um jogo duro e sabíamos que o Mogi é um time forte e um time grande. Aquele Jogo 2 nos deu confiança, era o que a queríamos: ganhar uma na casa deles.

LNB: Falando das semifinais não há como não lembrar do Jogo 1, em que vocês estiveram na liderança praticamente o jogo todo, mas acabaram derrotados. Uma vitória naquela partida poderia mudar completamente o rumo da série?

Dawkins: Sim, o primeiro jogo contra o Paulistano estávamos jogando bem, fazendo tudo certo. No segundo tempo começamos a “matar as bolas” e o jogo virou. Esse jogo fez diferença na série. Queríamos levar a série para o quinto jogo, mas essa partida quebrou nossas pernas. Mesmo assim, jogamos duro, perdemos por pouco o Jogo 2. Depois disso, a gente só queria uma vitória para forçar levar outro jogo de volta pra Salvador.

LNB: Depois de uma fase de classificação com altos e baixos, o Vitória cresceu nos playoffs e chegou até as semifinais. O terceiro lugar, de certa forma, surpreendeu vocês?

Dawkins: Eu não acho que tenha surpreendido a gente nós termos chego ao terceiro lugar. Montamos o time para chegar na final e ser campeão. Mas, jogamos contra um time que estava muito bem. O Paulistano mereceu estar na final.

Dawkins chegou ao Brasil em 2011 e seu primeiro clube foi a Liga Sorocabana; norte-americano ficou por lá até 2013 (Divulgação)

LNB: Você chegou ao Vitória com status de craque, por já ter construído uma história anterior aqui no NBB. Você imaginava isso quando você chegou ao Brasil em 2011 para jogar na Liga Sorocabana?

Dawkins: Não, não imaginava disso. Não conhecia nada do basquete brasileiro, não sabia como era, quais jogadores eram os “craques”. Não imaginava que chegaria no lugar que eu estou agora, mas graças a Deus estou aqui jogando ainda, que é uma coisa que amo fazer.

LNB: Depois de mais de seis anos por aqui, você já considera o Brasil como sua casa? O que você pode dizer sobre o nível técnico do NBB CAIXA neste tempo?

Dawkins: Sim, depois de 6 anos eu já moro aqui. Volto para os Estados Unidos só para visitar (risos). Fico muito mais tempo aqui do que fico no meu país. O Brasil é onde eu moro agora. O nível técnico do NBB CAIXA é muito alto, aumentou muito. A cada ano aumenta mais. Os técnicos sabem muito de basquete, tem muito técnico bom. Todos os times têm um técnico que sabe muito e sabe fazer as coisas, que sabe demais sobre esse mundo e sabe como mexer com os jogadores e construir um time para ser campeão. Cada ano eu vejo que os times ficam mais fortes porque os técnicos estão contratando jogadores que se encaixam bem no sistema deles. Esse ano os times estavam muito fortes na temporada.

LNB: Após um longo tempo em São Paulo, você se mudou para a Bahia, que é um Estado completamente diferente. O que você pode me dizer sobre sua rotina em Salvador? Como foi seu relacionamento com o povo baiano?

Dawkins: Sim, eu fiquei muito tempo em São Paulo. Foram 5 anos. 2 anos em Sorocaba e 3 no Paulistano, na capital. Depois que mudei pra Bahia, vi que é muito diferente. As pessoas falam diferente, o clima é diferente. Sábado é sempre dia de praia, o que eu gosto muito. Minha rotina não mudou muito porque eu ainda faço a mesma coisa. Acordo, vou à academia, treino, almoço, treino mais. Em semanas de folga eu aproveito a praia e gosto de sair para comer. Mas a rotina é a mesma. Meu relacionamento com o povo baiano foi muito bom. Me aceitaram muito bem no time e na cidade, todo mundo quis me ajudar e me levar conhecer os lugares. Acho que eles gostaram muito de mim e eu gosto muito deles também.

LNB: Quantas vezes na sua vida você ouviu que era muito baixo para o basquete? O que te faz ser um “gigante” em quadra?

Dawkins: Eu ouvi isso minha vida inteira; que eu era muito baixo e que eu não conseguiria. Isso me motivou a fazer aquilo que todos me diziam que eu não conseguiria fazer. Uma vez me disseram que eu não era capaz de alcançar o aro. Eu sou o tipo que fica tentando até conseguir. Quando eu consigo, eu mostro para todos que me disseram que eu não conseguiria. Sempre funcionei assim. Não discuto com quem fala que não posso. Vou lá e faço. O que me faz ser um “gigante” em quadra é que sempre penso que ninguém consegue me parar. O jogador pode ter 2 metros, ou 1,50m, não vai conseguir me parar. Nunca. Sempre tive essa atitude, desde criança. Meu pai me falava isso quando eu jogava, então sempre que estou jogando lembro disso e penso assim.

LNB: O que você pode dizer sobre o método de trabalho do técnico Régis Marrelli? Desde sua chegada ele sempre te deu liberdade para ser o “floor general” da equipe, certo?

Dawkins: O Regis é um técnico muito bom, eu gosto muito dele. Todo mundo que já jogou com ele fala a mesma coisa, todos gostam dele. Ele deixa você jogar, ele sabe fazer as coisas acontecerem, ele tem respeito dentro e fora da quadra, faz brincadeiras. É uma ótima pessoa em quadra e fora dela também. Isso é muito importante para todos que pensam em trabalhar com ele. Ele é uma pessoa muito boa e ajuda demais a equipe.

LNB: Uma das grandes contratações do Vitória foi o pivô Murilo, um dos principais nomes do NBB. Qual o impacto da chegada dele e o que você projeta dessa parceria, já que ele é muito bom no pick and roll?

Dawkins: O Murilo foi uma contratação muito importante para o nosso time. É um jogador muito bom, com experiência. Ele sabe jogar muito bem com pick and roll e isso vai ser muito bom para nosso time. Ele vai nos ajudar muito e esperamos chegar longe, muito longe.

LNB: Você e o Holloway jogaram muito tempo juntos e nesta temporada ele acabou eleito como MVP. O que você achou da escolha? Você chegou a falar com ele depois do anúncio?

Dawkins: O Holloway mereceu ser MVP. Jogou muito bem, levou o time para as semifinais. Somos amigos, eu o parabenizei e disse que ele mereceu esse prêmio.

LNB: Como está sendo sua rotina de férias aí nos Estados Unidos? Tem descansado, aproveitado para curtir família e amigos ou treinado bastante?

Dawkins: Estou curtindo bastante minha família e amigos porque fico muito tempo sem ver eles. Tenho que aproveitar esses momentos com eles porque não sei quando os verei de novo e isso me faz renovar meu espírito e minha mente para mais uma temperada.Mas ao mesmo tempo tenho que treinar também porque a melhor época para você evoluir seu jogo é na offseason. Então faço yoga, treino boxe e Crossfit, e ainda tenho jogado um pouco de futebol americano para fica pronto para a temporada.

LNB: Você tem muitas tatuagens, sabe me dizer quantas são? Qual é sua preferida? Pensa em tatuar algo relacionado ao Brasil ou aos clubes que você jogou por aqui?

Dawkins: Tenho 28 tatuagens. Penso em fazer mais esse ano ainda. A que eu mais gosto é a tatuagem que tenho do meu vô, no lado esquerdo do pescoço. É o nome dele, junto a data de nascimento e a data de morte. Pensei em fazer uma tatuagem sobre o Brasil e os times nos quais eu já joguei. Mas isso vai ser depois, porque não terminei minha carreira ainda.

Tatuagem no pescoço em homenagem ao avô é a preferida entre as 28 espalhadas pelo corpo (Fotojump/LNB)