HOJE
A forçavem da base
Por Liga Nacional de Basquete
Plantar para colher: veja como o investimento nas categorias de base impacta o Paulistano, que chega com elenco recheado de jovens para a temporada 2020/2021
Se você começou a acompanhar o basquete brasileiro há pelo menos cinco anos provavelmente já ouviu falar que o Paulistano/Corpore é uma potência no basquete de base, pois costuma entrar nos campeonatos com elencos jovens e recheados pratas da casa. Para quem conhece, não é novidade.
De fato, o clube é um dos que mais investe nas categorias de base. Nas últimas duas décadas, por exemplo, o clube coleciona aos montes os títulos dos campeonatos da Federação Paulista de Basquete (FPB). Aos montes mesmo, e não é de agora.
Os resultados no profissional vêm a longo prazo, mas os primeiros já começaram a aparecer: três Finais de NBB nos últimos seis anos, com direito a título na temporada 2017/2018, além de um Paulista em 2017 e do terceiro lugar na Liga das Américas 2018, sempre jovens no elenco.
Essa filosofia é pouco vista não só no basquete, mas em todo o esporte brasileiro. Mas quais são os reais impactos dessa estratégia do clube? Acompanhe essa história!
Plantar para colher
O basquete passou a ser praticado no Paulistano em 1922. Em 1924, inclusive, o clube foi um dos fundadores da Federação Paulista de Basquete. O CAP sempre teve todas as categorias de base, desde o Sub-12 até o Sub-19. No entanto, antes do processo geral de profissionalização do basquete no Brasil, a base alvirrubra era movida basicamente pelos pais dos atletas, que eram aficionados e levavam as categorias com seus próprios esforços, conseguindo reforços até em colégios.
A partir daí, o Paulistano passou a olhar a base com outros olhos e enxergar ali um potencial totalmente sustentável ao clube. A conta é simples: plantar agora para colher depois.
“Nos últimos anos, com a profissionalização do basquete, percebemos que o investimento nas categorias de base é muito menor e muito mais consolidado do que contratar grandes jogadores no adulto. Então, com um investimento menor, contratando profissionais competentes e que tenham essa visão, os frutos vão sendo colhidos”, declarou Carlos Neves, diretor de esportes do Paulistano.
Toda essa filosofia não engloba somente um olhar técnico, mas também conta com todo um suporte para o atleta se desenvolver tanto dentro quanto fora das quatro linhas.
“Temos uma base organizada e isso atrai outros meninos de fora. É um trabalho que vem de muito tempo. O basquete é isso: foco na formação de atletas e não só atletas, mas também pessoas, pois proporcionamos estudo, médico, nutricionista… é daí que vem nosso sucesso”, falou Carlos Neves.
Exemplo para outras modalidades
Depois do sucesso dessa “fórmula mágica” do investimento na base, o basquete virou referência para outras modalidades dentro do próprio Paulistano. A começar pelo polo aquático, esporte bastante tradicional no CAP.
“No polo aquático sempre tivemos excelentes jogadores, já mandamos vários para Olimpíadas, mas tínhamos problemas de formação. Era sempre a meninada da natação, que cansava de nadar e ia jogar polo. Aí trazíamos reforços, formávamos times e estávamos na ponta dos campeonatos”, contou o diretor de esportes do CAP.
“É uma modalidade que tem uma escolinha maravilhosa, mais de 80 atletas de até 14 anos. Daqui uns cinco ou seis anos começaremos ter times formados por grandes jogadores criados no clube”, completou Carlos Neves.
Outro esporte que também passou a seguir os passos do basquete no Paulistano foi a esgrima, que conta com bons professores, estrutura física e equipamentos por parte do clube.
“Na base da esgrima atualmente temos campeões brasileiros, Sul-americanos, de outros torneios internacionais. Temos também o vôlei feminino, que nos traz uma dificuldade grande devido ao custo alto do vôlei profissional, então focamos muito só na formação em jogos de clubes sociais, mas mesmo assim é um sucesso. Tem muita menina que vem jogar, se diverte e faz as coisas acontecerem”, finalizou Carlos Neves.
História com o pé e com a mão
Fundado em 30 de novembro de 1900, o Club Athletico Paulistano foi fundado com objetivo de valorizar e incentivar a prática da educação física entre os brasileiros, principalmente o futebol. O CAP possui 11 títulos Estaduais e fica atrás apenas dos gigantes Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo FC.
Ah, falando em São Paulo FC, existe uma história bastante curiosa envolvendo os dois times. Se você ainda não sabe, acredite: o Paulistano deu origem ao São Paulo Futebol Clube. Sim!
Apesar da linda história no esporte bretão, é no basquete que o CAP tem uma das maiores fontes de títulos e alegrias na atualidade. São incontáveis títulos nas categorias de base, que já revelaram grandes nomes para o cenário nacional.
O principal nome da base do clube sem dúvidas é Marcelinho Huertas, ídolo da Seleção Brasileira e atualmente no Tenerife (ESP). Não há como não citar o técnico Gustavo De Conti, hoje do Flamengo, que depois de anos gloriosos na base do CAP, assumiu o time adulto em 2010 e levou o clube a suas maiores conquistas no basquete.
Com Gustavinho no comando, o clube chegou a três Finais de NBB entre 2013 e 2018, com direito ao histórico título em 2017/2018. Fora isso, foram duas decisões de Campeonato Paulista, sendo campeão também em 2017. De fato, o CAP virou potência no esporte da bola laranja no Brasil.
Já na Liga de Desenvolvimento de Basquete (LDB), torneio Sub-20 realizado pela LNB em parceria com o CBC, o Paulistano foi campeão em 2017, com destaque para o pivô Dikembe, hoje no Bauru, e o ala/pivô Victão, cria da base do CAP que é um dos pilares do elenco adulto.
Esse time de garotos ainda conquistou duas vezes o Torneio Interligas de Desenvolvimento, que consiste em uma disputa entre o campeão da LDB e da LDD (Liga de Desarollo) da Argentina, em 2018 e 2019 – esta última em que o campeão Pinheiros desistiu de participar do torneio na Argentina.
Defesa em primeiro lugar
Para a temporada 2020/2021, o Paulistano renovou com seu técnico, Régis Marrelli, os armadores Ruivo, Jonatan Oliveira, Beto Fagundes e Matheus Buiú, os alas Anderson e Daniel Ifedi, o ala/pivô Victão e os pivôs Maique e Rafael Araújo. As novidades no elenco são os ala/armadores Deryk e Cauê Borges, o ala Jimmy, o ala/pivô Lucas Dória e o pivô Du Sommer.
“A minha ideia na montagem da equipe foi ter um time forte defensivamente, primeiramente. Trouxe alguns jogadores que gostam de marcar, como o Jimmy, que está sempre entre os melhores marcadores do NBB, Deryk, Cauê e o Du Sommer, além dos atletas que permaneceram”, contou Régis.
Ao analisar o time, o técnico do time alvirrubro também destacou a velocidade dos seus jogadores, e já pensa nas dificuldades que sua equipe enfrentará.
“Segundo, eu queria um time bem rápido e ágil. Fazendo uma defesa forte, precisamos ter o rebote, que é uma das nossas preocupações porque o nosso time não é tão alto. Teremos que fazer um bom boxout para sair no contra-ataque com toda a velocidade que temos na transição”, analisou.
O sniper voltou
Campeão do NBB 2017/2018 pelo Paulistano, Deryk Ramos está de volta à capital paulista para vestir vermelho e branco. Em dois anos de Flamengo, o ala/armador foi bicampeão do Campeonato Carioca, campeão da Copa Super 8 de 2018 e do NBB 2018/2019.
“Foram duas temporadas muito especiais no Flamengo. A maturidade e o entendimento de jogo que ganhei nesse tempo, ao lado de jogadores renomados, não tem preço”, disse o chutador.
Agora, Deryk retorna ao Paulistano para liderar a equipe e terá como desafio se firmar como armador titular da equipe. O plano de Régis é que ele leve a bola e divida o perímetro do quinteto inicial com Cauê Borges e Jimmy.
“Tenho um carinho muito grande pelo Paulistano. Estivemos juntos num dos momentos mais importantes da minha carreira. Sem dúvida nenhuma voltei ao clube para ajudar como for preciso a termos bons resultados. Estou diante de vários jogadores que nunca joguei junto antes, por isso estamos trabalhando muito no entrosamento. Mas a confiança está muito grande, a equipe tem muita qualidade e pensamento coletivo”, afirmou.
Victão veterano
Prata da casa, Victão se tornou um dos veteranos do Paulistano após a reformulação do elenco. Integrado ao time principal desde 2015, ele é o jogador com mais tempo de CAP, mesmo com 23 anos, e é responsável por dar as boas-vindas aos novos companheiros.
“Eu tento passar para os novos jogadores a cultura do Paulistano, do trabalho. Aqui a gente tem uma cultura de trabalhar nas horas extras, nos dias de folga. Trabalhar pesado é o que o clube prega bastante para a gente. Sabemos que treinando firme, as coisas vão acontecer”, contou o ala/pivô.
Com médias de 9,0 pontos e 3,8 rebotes, Victão foi candidato ao prêmio de Jogador Que Mais Evoluiu do NBB 2019/2020. Para a próxima temporada, ele já tem metas definidas nos dois lados da quadra.
“Pretendo continuar evoluindo de uma forma geral. Crescendo dos dois lados da quadra, melhorando minha leitura de jogo para tomar boas decisões. Defensivamente eu quero marcar grandes jogadores da minha posição e evoluir para defender jogadores mais baixos”, revelou Victão.
#AntecipeOFuturo
O Paulistano é um dos times que mais dá espaço para os jovens e nessa temporada não vai ser diferente. Há mais tempo na equipe, o ala Anderson e o armador Matheus Buiú devem receber oportunidades ao na rotação. Além deles, o ala Daniel Ifedi e o pivô Rafael Araújo também compõem o elenco.
O NBB é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), com chancela da Confederação Brasileira de Basketball (CBB) e em parceria com a NBA e o CBC, e conta com os patrocínios oficiais da Budweiser, Unisal, Nike, Penalty, Plastubos, EY, VivaGol, IMG Arena e Genius Sports.
Leia também:
+ Bauru: seriedade para voltar aos holofotes do basquete brasileiro
+ Tabela de jogos do 1º turno do NBB 2020/2021 está definida
+ Minas Tênis Clube: uma potência olímpica pronta para decolar no basquete
+ Sesi Franca: como uma boa gestão pode mover uma tradição de mais de 60 anos